
Na noite da última quinta-feira (23), o Cine-Teatro Denoy de Oliveira sediou o início de uma nova mostra que apresentará ao público a construção cinematográfica de um povo milenar. A estreia da 1ª Mostra de Cinema Popular Chinês, organizada pelo CPC-UMES em parceria com o Instituto Confúcio e o Instituto de Amizade Brasil-China, lotou o cine-teatro do Bixiga.
A abertura da mostra foi um sucesso, com a presença de personalidades entre eles, os representantes da Associação Chinesa no Brasil, o Consulado Geral em São Paulo, representado pelo chefe da Seção de Assuntos Bilaterais do Consulado, Zhuang Su, e o vice-cônsul da Seção de Assuntos Bilaterais, Liu Gai. A Agência Xinhua e o canal CGTN também participaram da cobertura do evento.
“Foi um evento muito bom que inclusive demonstrou que o povo brasileiro está de braços abertos para receber a cultura chinesa. Isso quer dizer que o futuro pertence a essa integração cultural, econômica, social que nós temos”, avaliou o curador da Mostra, Lucas Chen.
O presidente da UMES, Lucca Gidra, considerou que a 1ª Mostra de Cinema Popular Chinês não é apenas a concretização do trabalho, mas sim, o início de uma nova fase. “Tem muita coisa boa ainda por vir, tem muita coisa pra gente fazer, pra gente falar, pra gente conhecer sobre a China e pra gente fortalecer nossa relação, aprender, sobre esse país e é do outro lado do mundo, mas que diz muito sobre a gente e que tem muito a contribuir com o Brasil e a gente a contribuir com a China”, disse.

HISTÓRIA DE UM POVO MILENAR
André Ye, representante da Agência Brasil China e do Instituto dos Brics, agradeceu a todos pelo interesse pela cultura milenar chinesa. “A China tem cinco mil anos de história. A única civilização que teve continuidade até hoje. Por isso que eu quero fazer esse agradecimento por essa diferença da nossa cultura, pela nossa história”.
Ele chamou a atenção para a escolha dos filmes que serão exibidos, destacando dois deles: “Herói” (2002), de Zhang Yimou, que faz uma abordagem do processo de unificação da China durante o Império Chin e o épico “Guerra do Ópio”, também do diretor Xie Jin.
“Um filme que retrata uma humilhação histórica e secular a China sofreu no século dezenove no contexto do período de neocolonialismo europeu, quando eles voltaram o seu olhar para a Ásia e principalmente para o leste asiático, fazendo uso do ópio trazido pelos ingleses do Afeganistão para a China e impor isso ao povo chinês. O filme mostra um pouco disso: os esclarecidos, pessoas que combateram esse tráfico e essa humilhação que a China sofreu.

HUMANIDADE COMPARTILHADA
Em seu discurso de agradecimento, Lucas Chen relembrou a construção coletiva da Mostra que já dura mais de dois anos e que junto a este trabalho foram desenvolvidas outras criações como o canal “ChinaCast”, todos com o objetivo de apresentar a rica cultura chinesa ao público brasileiro.
“Há dois anos fazemos a busca dos filmes para poder apresentar o que há de melhor na cinematografia chinesa ao nosso público. O nosso intuito com a China foi justamente pegar o que há de mais significativo das gerações de diretores chineses. A tradição chinesa separa os cineastas em gerações. Então escolhemos uma seleção de diretores também para apresentar um pouco da cinematografia ao longo da história”, disse Chen.
O curador da Mostra ressaltou que a mostra ocorre em um período muito importante para a história da humanidade. “Nosso objetivo com a mostra é não somente apresentar a cultura chinesa, mas também nos aproximar de uma realidade social que contribui e muito para que a humanidade possa ser e viver num lugar melhor”, destacou.
“Eu acho que isso que a gente realiza hoje é uma demonstração de que é possível viver como os chineses dizem num futuro de humanidade compartilhada e que a gente tenha responsabilidade sobre os nossos atos, mas que a gente também possa viver livre de opressões. E isso os chineses se entendem bem vocês possam ver isso ao longo dos nossos filmes”, pontuou Lucas Chen.

PROGRAMAÇÃO
O filme exibido na abertura, a comédia do cineasta homenageado pela Mostra, Xie Jin, “Grande Li, Pequeno Li e Velho Li”, de 1962, divertiu o público presente do início ao fim da sessão. O filme mostra de forma descontraída a importante visão chinesa de aliar a prática de atividades físicas ao trabalho nas fábricas após a Revolução, explorando a vontade dos trabalhadores de transformar as suas relações e conquistando a adesão dos mais velhos para a prática esportiva.
Xie Jin se dedicou a gravar os mais variados gêneros, da comédia à guerra, passando por dramas e épicos. Com referências no Realismo Socialista da União Soviética e no Neorrealismo Italiano, o diretor ajudou a influenciar o cinema chinês usando as raízes populares das óperas de Sichuan e Shaoxing. Fundou e foi o primeiro reitor da Escola de Cinema e Televisão e Mídia da Universidade Normal de Shangai, que recebeu seu nome em homenagem. Em sua memória, exibiremos duas obras de sua cinematografia, sendo elas sua única comédia – “Grande Li, Pequeno Li e Velho Li”, e o mundialmente conhecido “Guerra do Ópio”.