Três anos após o brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra Ruben Dario Villar, conhecido como “Colômbia”, apontado como o mandante dos homicídios cometidos no Vale do Javari, no Amazonas.
A acusação formal ocorre sete meses depois da conclusão do inquérito da Polícia Federal, que identificou a participação direta de Colômbia nos assassinatos. O caso aconteceu em uma região dominada por atividades criminosas e pela presença do narcotráfico, localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.
O MPF também ingressou com recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para garantir que os demais envolvidos – Oseney da Costa Oliveira, Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima – sejam levados a júri popular, onde devem responder por duplo homicídio qualificado. Ainda não foi definida a data do julgamento.
Ruben Dario Villar está preso desde dezembro de 2022. Além de ser acusado de planejar as mortes, é investigado por liderar um esquema de pesca ilegal vinculado ao tráfico de drogas na região amazônica. Segundo as autoridades, ele operava um sistema de lavagem de dinheiro por meio da venda de peixes e animais silvestres, financiando o narcotráfico com drogas originárias do Peru e da Colômbia, comercializadas por facções brasileiras. De acordo com as investigações, Bruno Pereira teria descoberto o esquema e, por isso, foi assassinado.
O crime, ocorrido em junho de 2022, gerou comoção nacional e internacional. Bruno, servidor licenciado da Funai, era alvo de constantes ameaças em razão de sua atuação em defesa dos povos indígenas e no combate à exploração ilegal na floresta. Dom Phillips estava na região para apurar a situação dos indígenas isolados, como parte de uma reportagem jornalística.
Os dois desapareceram em 5 de junho de 2022. Seus corpos foram localizados dez dias depois, com marcas de extrema violência.
