
O Ministério Público Federal (MPF) arquivou o inquérito policial que apurava as causas do trágico desastre aéreo que, em agosto de 2014, matou o ex-governador de Pernambuco e então candidato à presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos.
O jatinho em que ele e mais seis pessoas viajavam, para cumprir agenda de campanha, caiu em uma área residencial de Santos (SP).
Segundo o MPF, apesar de diversas perícias e diligências realizadas pela Polícia Federal, não foi possível determinar a causa exata da queda da aeronave, tampouco definir os responsáveis pelos crimes.
O procurador da República Thiago Lacerda Nobre, que resolveu arquivar o inquérito, explicou que, para que houvesse a responsabilização penal, era preciso a exata definição dos responsáveis, não bastando indícios genéricos.
“Infelizmente, em razão da inexistência de meios técnicos, é provável que nunca saibamos o que ocorreu com a aeronave em seus últimos instantes e que acabou por determinar sua queda”, disse na quarta-feira (27), por meio de nota.
A Polícia Federal concluiu o inquérito em agosto de 2018, apresentando quatro causas possíveis do acidente: colisão com um elemento externo, desorientação espacial dos tribulantes, falha de profundor (peça da cauda que faz os movimentos para cima ou para baixo) e falha de compensador de profundor.
As quatro hipóteses não puderam ser comprovadas ou ter sua probabilidade quantificada. Apenas uma delas pode ter ocorrido ou várias de forma combinada. De acordo com o MPF, não foi possível definir as razões do acidente devido à falta ou ao não funcionamento de alguns equipamentos na cabine de comando do avião.
O gravador de vozes, que poderia registrar diálogos ocorridos no momento do acidente, de modo a esclarecer eventual falha mecânica ou humana, não estava funcionando. A última gravação feita pelo equipamento foi em janeiro de 2013, mais de um ano antes do desastre. Além disso, a falta de gravador de dados de voo também interferiu negativamente no andamento das investigações.
Campos voava em um Cessna 560XL, jato executivo com capacidade para oito passageiros. Além dele, morreram o piloto Marcos Martins, o copiloto Geraldo Magela Barbosa da Cunha, o assessor de imprensa Carlos Augusto Percol, o fotógrafo Alexandre Severo, o cinegrafista Marcelo Lyra e o advogado Pedro Valadares.
O MPF recomendou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mudanças na fiscalização e no registro de dados dos aviões, de modo a evitar novos acidentes e evitar os problemas que dificultaram as investigações desse caso.