Na última quinta-feira (29), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciou um novo ataque ao acampamento Esperança, situado em Dourados, Mato Grosso do Sul. O local, que abriga cerca de 300 famílias, teve várias residências destruídas por um incêndio criminoso.
O fogo começou logo após os moradores deixarem a região, destruindo sete barracos e consumindo alimentos, equipamentos de trabalho e até animais de pequeno porte. Testemunhas relataram que um carro não identificado disparou fogos em direção ao acampamento, localizado à margem da rodovia MS-379. Os próprios moradores conseguiram conter as chamas antes que se espalhassem para outras áreas do território.
Em nota, o MST associou o incidente aos conflitos pela posse de terra na área do Grande Dourado, composta por 11 municípios sul-mato-grossenses. A organização apontou que as agressões contra as famílias acampadas aumentaram após demonstrações de apoio à resistência indígena no processo de retomada dos Guarani-Kaiowá.
“Dourados e as cidades do entorno são banhadas pelo sangue das lutas indígenas, por estes povos retomarem seus tekohas ancestrais e garantidos pela Constituição Federal brasileira de 1988. O agronegócio, o mesmo que incendeia o estado de São Paulo, no Mato Grosso do Sul, ataca quem luta pela democratização do acesso à terra nesse Brasil”, declarou o movimento.
Este não foi o primeiro ataque ao acampamento Esperança. Em 5 de agosto, o local foi alvo de tiros e outro incêndio criminoso. Na ocasião, pistoleiros chegaram em cerca de dez caminhonetes e duas motocicletas, ateando fogo nas proximidades. Embora as chamas não tenham atingido as residências, dezenas de pessoas, incluindo crianças e idosos, passaram mal devido à inalação de fumaça. O ataque ocorreu logo após os moradores do acampamento prestarem auxílio aos indígenas da Terra Indígena Panambi Lagoa Rica, que também enfrentam conflitos na região.