
Durante o último debate entre os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre, nesta sexta-feira, 27, Manuela D’Ávila (PCdoB) questionou seu adversário Sebastião Melo (MDB) sobre quais seriam suas medidas de enfrentamento da pandemia de coronavírus e se ele iria enfrentar Bolsonaro para garantir a vacinação da população. O Rio Grande do Sul vivencia um aumento do número de casos de Covid-19 que já coloca o sistema de saúde sob alerta.
“Melo, na virada do 1º para o 2º turno correu um boato na cidade de que eu fecharia o comércio assim que eleita e tu abriria irrestritamente o comércio independente dos dados da pandemia. Eu quero saber como tu imaginas enfrentar a pandemia, negando a existência dela, dizendo que é uma ‘gripezinha’, ou fazendo um esforço para a aquisição própria da vacina, mesmo que isso signifique enfrentar o teu aliado Jair Bolsonaro?”, questionou Manuela D’Aavila no debate realizado pela RBS TV, afiliada da TV Globo no estado.
Enquanto o candidato apoiado por Jair Bolsonaro negava a existência da pandemia, Manuela defendeu a aquisição própria da vacina e o uso dos agentes de saúde na busca ativa para isolar os casos e diminuir a transmissão do vírus. Garantindo assim a cidade aberta e a saúde da população.
Sebastião Melo (MDB) não fez esforço algum para esconder que é o candidato bolsonarista e além de não apresentar nenhuma medida concreta sobre como irá proceder para garantir o comércio e os serviços abertos disparou: “eu reafirmo tudo que eu disse no 1º turno. A Saúde e a Economia devem caminhar juntas. É grave, é sério. Agora, a cidade está quebrada, perdeu milhares de CNPJs, a cidade tem muito mais gente desempregada. Então, com os protocolos necessários, a cidade precisa manter os seus negócios, os seus serviços. Então sim, Saúde, protocolos, preparar a cidade para a vacina, mutirões de cirurgia para quem não fez cirurgia do covid-19, mutirões de consulta para quem não fez consulta”.
Em seguida, Manuela respondeu: “Tu sabes, Melo, que não é com discurso que a gente mantém a cidade aberta. Eu sou candidata a garantir que Porto Alegre não feche e é pra isso que desde o primeiro dia da eleição, eu e apenas o Fortunati falávamos sobre a gestão própria da vacina. Nós precisamos imediatamente, ainda na transição, ir à São Paulo discutir com o Instituto Butantan, garantir os insumos, a câmara fria para que a vacina seja conservada. Nós precisamos garantir que a vacina chegue quando ela existir”, afirmou Manuela.
“Precisamos também garantir, Melo, que a população seja testada. O teste dirigido e a atenção primária, brigada com nossos agentes comunitários, com as equipes de saúde da família. É isso que garante que o povo tenha saúde, que as famílias celebrem o Natal juntas e que a economia fique aberta. Não basta intenção, é preciso ter um trabalho e um programa para garantir que Porto Alegre não viva dias piores com a Covid-19. A nossa candidatura apresenta isso: Vacina, teste e mutirões de rastreio para garantir que o vírus não se alastre na cidade”, ressaltou a candidata do PCdoB.
OBRAS PARADAS
Manuela ainda questionou Melo sobre as obras inacabadas que ele deixou durante sua gestão como vice-prefeito de José Fortunati (PTB).
“Entre 2012 e 2016, o seu governo recebeu quase R$1 bilhão de recursos do governo federal para as obras em virtude da Copa do Mundo. Porto Alegre sabe que essas obras não foram entregues. Eu quero perguntar qual a nota que o senhor dá para a administração desses recursos na sua gestão?”, questionou a candidata.
Sem dar qualquer nota, Melo respondeu: “Primeiro eu queria dizer ao cidadão de Porto Alegre que eu não fui prefeito. Eu fui um leal vice-prefeito. Resolvi muitos problemas, levantei cedo, dormi tarde, mas eu não fui prefeito (…) Todas as obras que foram concebias são importantes pra cidade, eu quero governar olhando pra frente, inclusive, os projetos que estiverem dando certo da atual gestão, eu vou continuar todos eles. Eu quero ser o prefeito de resolver problemas, não o de ficar buscando culpados”, disse.
“O senhor não deu a nota que eu pedi porque sabe que a nota da entrega de obras da sua administração é muito baixa e eu acho engraçado, irônico que o senhor faz um programa de televisão inteiro, toda sua participação no debate dizendo que é um homem experiente e que eu sou a não experiente, mas na hora que eu lhe pergunto sobre a sua experiência, o senhor foge da responsabilidade”, afirmou Manuela.
A candidata ainda apontou: “Não dá para ter experiência só na hora boa, Melo, só pra dizer no debate que tem experiência. A tua experiência é a de quem recebeu R$ 1 bilhão do governo federal, não entregou as obras e ainda faz com que a cidade tenha que gastar mais de R$ 200 milhões para dar conta das obras que não foram entregues. E eu estou falando das obras grandes, eu não estou falando, sequer das creches, por exemplo, que não foram entregues. O povo de Porto Alegre viu a cidade sendo abandonada com as obras inacabadas. Essa é a experiência que tu tens”.
Durante o debate, um dos pontos altos ocorreu no segundo bloco, quando o advogado afirmou que a jornalista “vivia no passado”, na década de 1950, citando o regime do revolucionário comunista Josef Stalin na União Soviética.
“Sabe, Melo, eu estou feliz que finalmente tu trouxeste o bicho-papão do comunismo para o debate. Eu quero que os senhores e senhoras comparem as nossas experiências por que o meu partido governa o Maranhão, pegou o Maranhão destruído Melo, pelo teu partido, pelo MDB de (José) Sarney. Lá, as escolas eram de barro, o governador do meu partido, o Partido Comunista do Brasil, foi o único governador do Brasil que superou Leonel Brizola no número de escolas construídas. Lá, nós tivemos o maior crescimento econômico do Nordeste e foi o estado que mais gerou empregos durante a pandemia”, defendeu a candidata do PCdoB.
Manuela disse que recuperação do Estado “foi difícil”, após o “estrago que o MDB, teu partido, Melo, fez. Mas nós estamos conseguindo. Eles querem assustar o senhor (telespectador) porque tem muitos interesses no acordão da Prefeitura, não caia nesse papo, não caia no papo do carro de som que passa mentindo na sua rua”, complementou.
No decorrer da última semana, a campanha de Sebastião Melo colocou carros de som na periferia de Porto Alegre para espalhar a fake news de que se Manuela vencer a eleição, as igrejas serão fechadas e as pessoas terão que “comer cachorros”.
Em suas considerações finais, Manuela pediu o voto da população para mudar a vida dos porto-alegrenses.
“Eu sou muito agradecida por ter chegado ao segundo turno e ter esses 13 dias para debater os caminhos para mudar Porto Alegre. Mudar é possível. Às vezes quando estamos diante das mudanças nós nos assustamos. Eles tentam nos assustar. Eles colocam o carro de som mentindo coisas horrorosas a meu respeito e a respeito do nosso programa. Eu lhe peço, não acredite. Escute o seu coração. O senhor sabe que se escolher os mesmos de sempre, vai continuar com os mesmos problemas na cidade. Não temos porque ter medo de mudar. Não temos porque ter medo de continuar da mesma maneira.
Eu quero governar para todos de verdade. E todos são as pessoas de todos os bairros e nós mulheres que jamais governamos Porto Alegre, mesmo que estejamos na linha de frente da saúde, da educação e da assistência, as áreas mais importantes da cidade. Eu quero a possibilidade de ser a primeira prefeita de Porto Alegre porque sei que a política pode mudar a vida das pessoas”.