Depois de meses tentando negociar por Acordo Coletivo, os operários da construção civil da cidade de São Paulo entraram em greve por tempo indeterminado na última terça-feira (15). O primeiro dia de mobilizações paralisou 452 canteiros de obras, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon-SP).
As conversas de negociação do novo Acordo Coletivo foram iniciadas em fevereiro, mas as empresas tiveram uma postura intransigente frente às reivindicações dos trabalhadores. Os empresários, por meio de seu Sindicato patronal, pretendem estabelecer as regras impostas pela reforma Trabalhista, contraditoriamente alegando que elas não retiram qualquer direito dos trabalhadores.
Em entrevista ao HP, o presidente do Sintracon-SP e deputado estadual, Antônio de Souza Ramalho, conhecido como Ramalho da Construção, afirmou que “os empresários querem tirar tudo, auxílio alimentação, plano de saúde, seguro de vida. É um regime de escravidão”. “Estamos pedindo apenas a manutenção das cláusulas sociais e um aumento de 2% real”, continua Ramalho.
Há doze anos que a categoria vinha conseguindo pequenos aumentos reais e para o novo Acordo Coletivo pediram a reposição da inflação registrada pelo INPC (1,69%), e o aumento real de 2% dos salários. Baseando-se reforma trabalhista, que põe em pedaços qualquer segurança dos trabalhadores, os patrões recusaram o aumento e todo tipo de cláusula social.
Ramalho afirmou também que as empresas “não têm proposta nem para repor o INPC. Eles acham que agora é momento da flexibilização da relação de trabalho, para eles é um assunto que deveria ser resolvido entre a empresa e sindicato. Para nós, é complicado negociar com as 26 mil empresas do setor”. “Não tem outra saída a não ser cruzar os braços, fazer passeatas, fazer mobilizações, até que os empresários resolvam sentar e negociar civilizadamente”, completou o sindicalista.
O primeiro dia de greve já mostrou força. Foram 452 canteiros de obras paralisados e diversas manifestações, como uma que reuniu centenas de trabalhadores no Morumbi que foram em passeata de obra em obra convencer os demais a paralisarem.
Até o fechamento desta edição, não foram contabilizados quantos canteiros estiveram paralisados no segundo dia de greve, mas o SintraCon-SP contou 32 pontos de concentração para manifestações, espalhados por todos os cantos da capital paulista, inclusive importantes avenidas como a Brigadeiro Luís Antônio e Avenida Pompéia.
Antonio Ramalho esteve na quarta-feira (16) na obra Tibério, na Avenida Brigadeiro Luis Antônio, e lá pôde observar as péssimas condições nas quais os trabalhadores se encontram, com canos furados no local onde os deveriam fazer suas refeições e outras irregularidade, o que reforça ainda mais as reivindicações da greve.
PEDRO BIANCO