Presidente do partido BSW, Sahra Wagenknecht se compromete a bloquear no parlamento o aumento de gastos com armamentos direcionados à Ucrânia em seu conflito instigado por EUA/Otan e afirmou que a prioridade deve ser o investimento em infraestrutura, para gerar emprego e renda
A líder do partido de esquerda insurgente da Alemanha, Sahra Wagenknecht, se compromete a bloquear qualquer tentativa de aumento dos gastos com armamentos e reiterou que assumir mais dívidas para municiar a guerra na Ucrânia está “fora de questão”.
Após surpreender em sua estreia nas urnas, alcançando 6,2% dos votos nas eleições europeias de junho, a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), partido fundado em janeiro pela mulher que lhe dá o nome, encara as urnas em fevereiro com o compromisso de superar a barreira dos 5% e construir uma ampla frente contra a guerra e pelo desenvolvimento.
Neste sentido, a prioridade será entrar para o Bundestag (parlamento) – nas eleições federais antecipadas do próximo dia 23 – para garantir o fortalecimento no investimento em infraestrutura, a fim de gerar emprego e renda, em vez de mais derramamento de sangue na Ucrânia. Para o BSW, ressaltou, o orçamento de defesa alemão deve ser significativamente inferior a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
“Somos os únicos que nos opomos ao estacionamento de mísseis de médio alcance dos EUA na Alemanha”, ressaltou a copresidente Amira Mohamed Ali, enfatizando que a economia deve ser fortalecida e a energia barateada. Ali frisou que o partido também luta por “melhores pensões e salários, habitação acessível e avanços sociais que finalmente se transformem em realidade”. Para isso, assinalou, a riqueza e os maiores rendimentos deverão ser mais ampla e rigorosamente tributados.
FRENTE CONTRA A GUERRA
Com o desafio de barrar desde já a entrega de armas para o regime de Kiev, Sahra apontou que não teria problemas em cooperar – neste quesito – até mesmo com a Alternativa para a Alemanha (AfD), de direita, realizando as mudanças constitucionais necessárias. A dirigente do BSW também descartou contribuir com tropas alemãs para uma força internacional de “paz” na Ucrânia, argumentando que a Alemanha não pode estacionar tropas na fronteira russa devido à sua história.
Após o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, a Casa Branca passou a exigir que os Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) gastem 5% do produto interno bruto (PIB) em defesa.
Ainda que a BSW não retorne ao parlamento após a votação do próximo mês, a avaliação é de que o partido já conseguiu moldar o debate nacional.
CLIMA TENSO DENTRO DO GOVERNO
“A ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock [Partido Verde], e o ministro da Defesa, Boris Pistorius [Partido Social-Democrata], querem levantar um orçamento adicional de cerca de € 3 bilhões [cerca de R$ 18 bilhões] para o fornecimento urgente de armas adicionais para a Ucrânia antes das eleições para o Bundestag. No entanto, o gabinete do chanceler Olaf Scholz está freando os planos de ajuda militar adicional”, afirmou a revista alemã Der Spiegel.
Conforme a mídia alemã, Scholz não vê a necessidade de uma ação urgente e não quer colocar o futuro governo diante de um fato consumado.