
Dezenas de colonos judeus lincharam Hamdan Ballal, um dos quatro diretores palestinos e israelenses que produziram o filme “Sem Chão” (No Other Land), premiado com o Oscar de melhor documentário
Dezenas de colonos judeus – que constroem casas sobre terras palestinas assaltadas na Cisjordânia – espancaram o diretor do documentário “Sem Chão”, Hamdan Ballal, no início da manhã desta segunda-feira.
Segundo um outro diretor do filme, o israelense Yuval Abraham, Ballal sobreviveu ao linchamento – que foi suspenso sob protesto de ativistas israelenses e palestinos que estavam no local – com ferimentos na cabeça e na barriga e socorrido por uma ambulância, quando sangrava.
Quando ainda era tratado emergencialmente na ambulância, foi retirado de dentro dela por soldados israelenses de uma unidade militar formada majoritariamente por elementos destas mesmas colônias.
Os soldados desta unidade – segundo o jornal Haaretz – entregaram a outros militares que o levaram para local até agora não sabido, nem há notícia de que está recebendo tratamento. Questionado pelo jornal israelense, o comando militar de Israel não responde.
O ataque começou quando um dos colonos judeus começou a atirar pedras contra casas da aldeia de Susya, onde mora Ballal, e residentes palestinos pediram que ele parasse com a agressão.
Neste momento, dezenas de outros colonos chegaram destruindo poços artesianos, roubando câmeras de segurança e estilhaçando janelas. Assim que localizaram o diretor do filme, passaram a agredi-lo.
Também estilhaçaram os vidros de todas as janelas do carro de Ballal e cortaram seus pneus.
Os moradores da aldeia chegaram a chamar a polícia israelense que não atendeu aos apelos dos moradores e apenas alguns soldados se aproximaram, quando os colonos resolveram sair fora, após causarem todo o estrago.
O filme “Sem Chão” recebeu o Oscar ao documentar a sistemática destruição de aldeias palestinas na região de Masafer Yatta, com demolição de casas e escola, a partir de uma decisão do governo israelense de expulsar os palestinos e converter a região em campo de treinamento militar israelense.