
Vídeo realizado a partir de imagens e texto enviados direto de Ramallah pelo jornalista Caio Teixeira (Comunicasul) dá os detalhes dos motivos que levaram os palestinos às ruas contra o “plano” que Trump denominou de “negócio do século” e que os manifestantes passaram a denominar de “roubo do século”, por tentar sacramentar o assalto a terras palestinas através de aval a sua anexação pelo governo de Netanyahu*
Enquanto o Presidente da Autoridade Palestina se dirigia ao Conselho de Segurança da ONU, na última terça-feira, 11, para rejeitar integralmente a proposta de Trump para a Palestina, cinicamente chamada de “acordo do século”, toda a Palestina protestava nos territórios ocupados.
Em Ramallah, próxima a Jerusalém e sede do governo palestino na parte dos territórios ocupados da Cisjordânia o povo foi em massa às ruas para protestar contra a proposta que consolida um verdadeiro apartheid na região.
O centro de Ramallah ficou tomado de homens e mulheres de todas as idades, carregando bandeiras da Palestina e cartazes contra Trump e Netanyahu e denunciando a proposta como farsa, apartheid e “roubo do século”.
Veja o vídeo a partir de imagens enviadas por Caio:
Na faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, os protestos já vêm ocorrendo a vários dias e, mesmo tendo governo próprio e divergências com a Autoridade Palestina, ambos se uniram para refutar a proposta.
Não é exagero usar a expressão conhecida para designar o regime de segregação racial que por décadas massacrou a população negra na África do Sul. Desde a resolução da ONU que criou em 1948 o Estado de Israel, destinando a este praticamente a metade da Palestina histórica, o país vem invadindo e ocupando, pela força das armas e o apoio incondicional dos EUA, mais e mais territórios a ponto do povo palestino estar confinado hoje em menos de 15% do espaço que ocupava antes da resolução.
Mesmo assim este espaço não é contínuo, mas dividido como um monte de ilhas separadas entre si por estradas e assentamentos israelenses cercados por muros e protegidos pelo exército fortemente armado. Barreiras que os palestinos só podem cruzar passando por postos de controle e se tiverem autorização do governo de Israel.
Como não existe um Estado palestino, eles dependem em tudo de Israel. Qualquer coisa que entre ou saia dos territórios palestinos tem que passar pela fronteira e consequentemente pela aduana e pelo controle israelense, assim como suas carteiras de identidade são emitidas por Israel a quatro classes de cidadãos, com níveis variados de restrições.
Os palestinos não têm aeroportos nem moeda, as comunicações, as estradas e o espaço aéreo são controladas pelo governo israelense que vem constantemente ampliando a criação de novos assentamentos em terras palestinas. Os assentamentos não são comunidades rurais no meio do nada. São mais parecidos com enormes condomínios de classe média alta com toda a infraestrutura, cercados e com segurança do exército, onde os palestinos são proibidos de entrar e até de utilizar as estradas sendo obrigados na maior parte das vezes a fazer enormes voltas para contorná-los a fim de chegar em suas casas.
O plano de Trump legitima toda essa absurda situação denunciada e condenada pela legislação internacional, além de expulsar os palestinos de Jerusalém, lugar sagrado de várias religiões dentre as quais o Islã, majoritário entre o povo árabe ao qual pertencem os palestinos.
Por tudo isso o plano Trump é rechaçado pela Liga Árabe e deve sê-lo pela maior parte da comunidade internacional. Apenas um grupo de cinco países apoiou a proposta, dentre os quais vergonhosamente o Brasil.
Texto de Caio Teixeira. Montagem e edição do vídeo de Diálogos do Sul