Pontífice afirma que na guerra há regras de moralidade que determinam que o ataque deve ser sempre proporcional à defesa.
O papa Francisco comentou no domingo (29) a morte de Hassan Nasrallah, secretário-geral do grupo libanês Hezbollah, em um feroz bombardeio perpetrado por Israel na sexta-feira.
Sublinhando que mesmo nas guerras é necessário respeitar as regras da moralidade e a proporcionalidade, o pontífice rechaçou o assassinato.
O comentário foi feito em coletiva a jornalistas a bordo do avião papal, quando Francisco retornava de uma missão apostólica na Bélgica e em Luxemburgo.
“Não entendo completamente como tudo aconteceu, mas o ataque deve ser sempre proporcional à defesa. Quando algo desproporcional acontece, aparece uma tendência dominante que vai além da moralidade”, disse o papa.
O papa qualificou de imorais as ações de qualquer país que as comete a partir de uma posição de força. “Mesmo na guerra, a moralidade deve ser observada. A guerra é imoral, mas as regras da guerra pressupõem alguma moralidade”, afirmou.
No sábado (28), o Hezbollah confirmou a morte de Nasrallah. O bombardeio israelense destruiu seis prédios residenciais das imediações do complexo subterrâneo do Hezbollah, em subúrbio do sul de Beirute.
MAIS VOZES SE LEVANTAM
No mundo inteiro, outras vozes se levantaram contra mais esse crime do regime supremacista israelense. O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, em seu pronunciamento no sábado à Assembleia Geral da ONU, classificou a execução do líder do Hezbollah com 80 bombas antibunker fornecidas pelos EUA a Israel de “assassinato político”.
O presidente iraniano Massoud Pezeshkian disse no X: “A comunidade internacional não esquecerá que a ordem para este ataque terrorista foi emitida de Nova York e os americanos não podem se absolver da cumplicidade com os sionistas”.
ÁFRICA DO SUL RECHAÇA
O governo sul-africano expressou “sua profunda preocupação” com “a recente escalada de execuções extrajudiciais no Oriente Médio, principalmente o trágico assassinato de Hassan Nasrallah e outros líderes no Líbano”.
“Pedimos que os autores desses crimes premeditados sejam responsabilizados por meio de uma investigação internacional e transparente”, acrescentou o comunicado.
A África do Sul “condena inequivocamente esses assassinatos seletivos e a recente campanha de bombardeio contra o Líbano, que resultou na trágica perda de mais de 720 vidas desde que o conflito se intensificou na segunda-feira”.
O comunicado pede, ainda, “um cessar-fogo imediato e adesão ao direito internacional para evitar uma grande conflagração militar regional, que teria consequências devastadoras para todos os países envolvidos”.
ASSASSINATO COVARDE
“Condenamos o assassinato covarde de Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, como resultado do ataque de Israel a edifícios residenciais nos subúrbios do sul de Beirute, causando destruição e morte de civis inocentes”, disse o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, no X.
“Este fato ameaça seriamente a paz e a segurança regionais e globais, cuja total responsabilidade recai sobre Israel com a cumplicidade dos Estados Unidos.”
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que estava “acompanhando de perto o incidente” do assassinato de Nasrallah e “está profundamente preocupado com a escalada das tensões na região”.
“A China se opõe à violação da soberania e segurança do Líbano, se opõe e condena qualquer ação contra civis inocentes e se opõe a qualquer movimento que alimente o antagonismo e aumente as tensões regionais”, acrescentou o comunicado.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, pediu o fim imediato dos ataques aéreos israelenses no Líbano. Em um comunicado, ele disse: “A segurança e a proteção dos civis devem ser garantidas, incluindo a dos franceses na região, que também é nossa prioridade”.
Já o líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, ex-candidato a presidente, denunciou que o assassinato de Nasrallah “é mais um passo em direção à invasão do Líbano e à guerra geral”. Ele acrescentou: “A França não conta mais no terreno. Os crimes de Netanyahu continuarão, pois estão impunes. O perigo é extremo para a região e para o mundo.”
POVO LIBANÊS, O NOVO ALVO
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse no X que “o Líbano e o povo libanês são o novo alvo da política de genocídio, ocupação e invasão de Israel, que continua desde 7 de outubro”. Referindo-se às centenas de mortos e milhares de feridos nos ataques ao Líbano, ele acrescentou que “ninguém com consciência pode aceitar, desculpar ou justificar tal massacre”.
“O governo israelense está se tornando cada vez mais imprudente, pois é mimado pelos poderes que fornecem armas e munições para seus massacres; está desafiando toda a humanidade, os valores humanos e o direito internacional”, sublinhou Erdogan.
Por sua vez, o ex-primeiro-ministro turco Ahmet Davutoğlu postou que “a agressão bárbara de Israel, que tem como alvo o Líbano depois de Gaza, tornou-se uma clara ameaça à paz regional e global”.
“O assassinato do secretário-geral do Hezbollah, Hasan Nasrallah, enquanto a Assembleia Geral da ONU continuava após os ataques realizados em áreas povoadas por civis por meio de pagers, é um claro desafio para a ONU e a comunidade internacional”, afirmou.
Já o fornecedor número 1 de bombas, dólares e encobrimento ao genocida Netanyahu e provável cúmplice no crime, o presidente pato manco Joe Biden, veio a público chamar o assassinato de Nasrallah de “medida de justiça para muitas de suas vítimas”.
Entre as quais ele se referiu a “americanos”, o que deve ser uma menção aos marines que ocupavam Beirute nos anos 1980 e foram corridos, e a “israelenses”, também por sua vez corridos do Líbano pelo Hezbollah depois de 18 anos de invasão e barrados na tentativa de volta em 2006. Já quanto aos “civis libaneses”, estes são as vítimas de Netanyahu e Biden, aos milhares, e 1 milhão já foram expulsos de seus lares pelos celerados do regime segregacionista.