
Bolsonaro discursou neste sábado (07), dentro de uma base militar em Boa Vista, de onde convocou o ato do dia 15 contra as instituições democráticas
O discurso de Bolsonaro em Boa Vista neste sábado (07) convocando o ato do dia 15 contra o Congresso e o STF provocou irritação no presidente do Senado, David Alcolumbre (Dem), que havia ouvido de Bolsonaro que ele não se manifestaria sobre o evento, principalmente depois da polêmica sobre a sua divulgação. Alcolumbre avaliou como um fato grave a convocação feita neste sábado.
A atitude de Bolsonaro vem um dia após o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (Dem), afirmar que o governo Bolsonaro tem contribuído para afastar investidores do país ao criar incertezas em relação ao seu compromisso com a democracia e a defesa do meio ambiente.
“O governo gera uma insegurança grande para a sociedade e para os investidores”, disse Rodrigo Maia. Ele destacou que a declaração de Bolsonaro se deu em uma área militar, na base aérea de Boa Vista, o que, na avaliação feita por ele, poderia configurar um atentado à Lei de Segurança Nacional.
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o fato de ele dizer que a manifestação não é contra o Legislativo não vai alterar o conteúdo dos protestos, que foram inicialmente organizados com esse propósito. “O presidente montou um palanque numa base aérea para estimular uma manifestação de rua, que, sabidamente, é contra o Congresso Nacional e contra o Supremo Tribunal Federal”, disse.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) criticou a convocação de Bolsonaro aos atos porque isso não vai resolver os problemas da economia do país. “Fuga de capital do país, dólar nas alturas e o presidente instigando a população como se isso fosse resolver o problema econômico do Brasil. Se isso resolver, eu também apoio”, ironizou. A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) o presidente convocou a população a participar de um ato que, para ela, tem caráter golpista. “É hora de dar um basta”, afirmou.
No STF, os ministros não gostaram da manifestação de Bolsonaro, mas avaliam que o ideal é não alimentar o que consideraram uma provocação de Bolsonaro. Para integrantes do Supremo, ao convocar os atos, o presidente faz uma “manobra diversionista” para criar uma cortina de fumaça sobre os resultados negativos da economia. Líderes do Legislativo e Judiciário discutem a possibilidade de uma resposta conjunta ao Planalto. Avaliam, porém, que não se pode cair na “pilha” do presidente e responder à atitude do mandatária incisivamente.