“Bolsonaro é um candidato que pode ir ao segundo turno, mas perde no segundo turno porque faz um governo muito frágil”, acrescentou o governador
O governador do Maranhão (PCdoB), afirmou neste sábado (13), em entrevista ao jornal “O Globo”, que a oposição “tem que errar muito para perder de Bolsonaro em 2022”. “Bolsonaro é um candidato que pode ir ao segundo turno, mas perde no segundo turno porque faz um governo muito frágil”, acrescentou o presidenciável maranhense.
“A chave da derrota do Bolsonaro em 2022 é atrair setores que foram lulistas até 2014, depois bolsonaristas, se descolaram e estão hoje numa posição de centro. Se diz que o candidato é fulano pode criar uma interdição nesse segmento que vai decidir a eleição. Por isso, colocar o nome na frente não é uma tática eleitoral que parece ajustada”, avaliou Dino, ao comentar a candidatura de Fernando Haddad.
Questionado sobre a exposição recente do que o jornal chamou de uma fragmentação no centro e na esquerda, Dino disse que é assim mesmo. “É uma fragmentação típica de um período em que o velho já morreu e o novo não nasceu. Acho que essa fragmentação vai continuar por mais uns anos até a gente ter um redesenho do quadro partidário. Então, tem que aglutinar o que der”, disse ele.
O governador apontou que Bolsonaro “é o adversário a ser batido”. Ele destacou que “de 2018 para cá, ele [Bolsonaro] perdeu muitos setores sociais, mas conseguiu manter um núcleo mais cristalizado, fiel”. “Isto o coloca numa condição de força”, apontou o líder maranhense.
Apontado como um dos presidenciáveis do campo da esquerda, já que sua liderança extrapolou em muito o estado do Maranhão, assim como o ex-governador Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (Psol), Flávio Dino afirmou que espera uma aglutinação de forças. “Como ponto de partida não vejo como problema. O problema é se virar ponto de chegada”, afirmou.
O governador maranhense defende a política de frente ampla e é adepto de muita conversa com os setores do centro político do país.
“No segundo turno em 2018, esse campo mais liberal, de centro, foi todo com Bolsonaro. Ninguém foi com Haddad. E ninguém não é excesso retórico, é literalmente. Nem o Ciro foi. Então, não pode chegar na eleição de 2022 com o ambiente tal que se o segundo turno, por hipótese, for entre Ciro e Bolsonaro, ninguém apoia o Ciro. Essa tragédia deve ser evitada. Precisa distensionar”, opinou.
O governador avalia que se o ex-presidente Lula puder ser candidato, ele geraria uma polarização quase que automática com o Bolsonaro. Não deixaria espaço para outras alternativas. “Se puder, ele teria uma precedência, mesmo tendo críticas de um lado ou de outro”, acrescentou.
Dino ressaltou ainda que “o programa de 2022 não pode ser o mesmo do Lula em 2002”. “Não é verdade que programa já tem. Os programas políticos que nossos partidos têm não dão conta da largueza que precisa para atrair esses segmentos”, afirmou.
Dino deu como exemplo o fato de que “o discurso clássico da esquerda não abrange os novos segmentos da classe trabalhadora, os precarizados, os uberizados”. “Tem que modular o programa porque a realidade mudou”, disse Flávio Dino.