
Medida foi anunciada por Ismail Kousari, do Comitê de Segurança Nacional e Política Externa do parlamento iraniano, em resposta ao ataque norte-americano
O parlamento iraniano votou e aprovou por unanimidade neste domingo (22) o fechamento do estreito de Ormuz, passagem do Golfo Pérsico por onde passam diariamente 20% de todo petróleo consumido no planeta e mais de 35% de todo o Gás Natural Liquefeito (GNL).
Toda a costa norte do estreito pertence ao Irã, que controla em grande parte esta hidrovia. A decisão final caberá ao chefe de Estado iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, após passar pelo Conselho de Segurança Nacional.
A medida foi anunciada por Ismail Kousari, membro do Comitê de Segurança Nacional e Política Externa do parlamento iraniano, em resposta ao ataque norte-americano perpetrado na noite de sábado (21) contra três instalações nucleares iranianas civis e sob inspeção da AIEA, Fordow, Isfahan e Natanz, em flagrante violação à Carta da ONU e ao Tratado de Não Proliferação.
“O parlamento chegou à conclusão de que o estreito de Ormuz deveria ser fechado, mas a decisão final sobre o assunto será tomada pelo Conselho de Segurança Nacional”, disse Kousari.
Isso dá base legal para o aiatolá Khamenei e a liderança do IRGC/Exército iniciarem operações para fechar o estreito. Anteriormente, eles começaram a bloquear os sinais de GPS no estreito.
É por meio dessa rota que Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein, Catar e Emirados Árabes Unidos exportam seu petróleo e GNL. O estreito está localizado na parte noroeste do Oceano Índico e conecta o Golfo Pérsico com o Golfo de Omã e o Mar Arábico.
Mais de 80% das exportações que passam pelo estreito vão para países asiáticos, o restante para a União Europeia (UE). Os maiores importadores de petróleo transportado por essa rota são Índia, Japão, Coreia do Sul e China.
Comunicado da chancelaria iraniana no domingo já sublinhara que “o governo belicista e violador da lei dos EUA é responsável pelos efeitos extremamente perigosos e pelas consequências deste grande crime” e acrescentara que o Irã “reserva todas as opções para defender sua soberania, seus interesses e seu povo”.
O Irã também exigiu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas e do conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre a “brutal agressão militar dos EUA contra instalações nucleares pacíficas”.
Segundo os especialistas, o bloqueio do estreito, que suprimiria cerca de 5 milhões de barris diários, pode fazer com que o preço do petróleo suba para US$ 200-300 por barril (quando está atualmente na casa dos US$ 70), com consequências catastróficas para a economia mundial e para a inflação.
Conforme a mídia, apenas a eclosão do confronto direto Israel-Irã já havia feito disparar os preços do combustível de aviação na Europa.
O ataque ao Irã usando a maior bomba anti-bunker do arsenal norte-americano, de quase 14 toneladas, foi condenado pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pela Rússia e pela China, ao ameaçar instaurar no mundo a lei da selva. Nos EUA, deputados e senadores contestaram o ataque, lembrando que só o Congresso tem poderes para declarar guerra.
Apesar de todo o teatro demente de Trump sobre o fabuloso ataque e sua afinidade com o genocida Netanyahu, há questionamentos sobre a eficácia do bombardeio às instalações nucleares iranianas.
Segundo o Wall Street Journal, a “extensão dos danos na instalação nuclear de Fordow não está clara”, acrescentando que “os analistas estão buscando pistas por meio de imagens de satélite, mas além de grandes buracos e evidências de descoloração, uma conclusão abrangente de sucesso está se mostrando elusiva por enquanto”.
De acordo com Mehdi Mohammadi, conselheiro estratégico do presidente do Parlamento iraniano, “o local foi evacuado há algum tempo e não sofreu danos irreparáveis no ataque. Duas coisas são certas: primeiro, o conhecimento não pode ser bombardeado e, segundo, desta vez o apostador perderá”.