Após ter causado indignação entre políticos dos mais diferentes partidos, entidades de classe do meio jornalístico e artistas, o ataque do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à jornalista Miriam Leitão, do jornal “O Globo”, agora é alvo de representações no Conselho de Ética da Câmara, que pedem a cassação do mandato do parlamentar.
Na segunda-feira (4), o PCdoB protocolou uma representação contra o deputado. Para a legenda, o ato é incompatível com o decoro parlamentar e “alcança o ilícito penal tipificado no artigo 287 do Código Penal”, que trata de apologia à tortura.
O partido pede a instauração de processo disciplinar no Conselho de Ética por quebra de decoro e cobra a aplicação das penalidades cabíveis.
No domingo (3), Eduardo publicou nas redes sociais a imagem da última coluna da jornalista e escreveu: “Ainda com pena da [emoji de cobra]”. Míriam estava grávida quando foi presa e torturada por agentes do governo durante a ditadura. Em uma das sessões, ela foi deixada nua numa sala escura com uma cobra.
A iniciativa da legenda foi antecipada pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) em sua conta no Twitter. “Faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão. Esse canalha sórdido não ficará impune!”, declarou o parlamentar.
Para Orlando, a omissão e leniência da Câmara dos Deputados criou Bolsonaro. “Essa corja não tem limites. Solidariedade à Miriam Leitão. Nas urnas varreremos esses fascistas!”, destacou.
Outra representação encaminhada ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados é assinada pelo PSOL e a Rede Sustentabilidade.
As legendas descreveram a declaração de Eduardo Bolsonaro como “abjeta, repugnante e criminosa”.
“São esses horrores que a Constituição Federal obrigou o Estado brasileiro a reconhecer e que o País se comprometeu a reparar perante diversas organizações internacionais, especialmente para que nunca mais se repitam”, diz trecho da representação, que pede a cassação do mandato do deputado.
A líder do PSOL na Casa, deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), classifica o conteúdo postado por Eduardo como “desumano” e defende que ele precisa ser penalizado.
“A jornalista estava grávida quando militares a colocaram numa sala escura junto com uma cobra jiboia para amedrontá-la. Quando ele faz piada com essa situação, reafirma, mais uma vez, que é um criminoso inimigo da democracia”, afirmou.