Andréa Barbosa, ex-esposa do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, revelou que ele organizou festas regadas a whisky durante a crise de falta de oxigênio em Manaus, que levou à morte por asfixia dezenas de pessoas.
A dentista deu notícia de duas festas, uma em maio de 2020, quando Pazuello assumiu provisoriamente o Ministério, e outra em janeiro de 2021, quando a cidade de Manaus estava sem oxigênio hospitalar para atender as pessoas que eram internadas com falta de ar devido ao coronavírus.
Na segunda, Andréa falou que soube da festa porque sua filha estava na casa de Pazuello e pediu para que a buscassem.
“Eu liguei para ele e eu surtei, porque eu falava que era crime, negligência, que tinha gente morrendo. Ele estava dando uma festa e eu sei disso porque, infelizmente, minha filha esteve lá. Minha filha esteve lá e pediu para a empregada ir buscá-la. Quando ela voltou, ela falou que estava todo mundo lá e que tinha whisky rolando”, relatou a ex-esposa de Pazuello, em entrevista ao My News.
Segundo ela, em uma ligação, o então ministro da Saúde falou que tinha, sim, uma preocupação: “eu estou comprando os sacos pretos”.
Na avaliação de Andréa, o governo de Jair Bolsonaro usou Manaus como um “laboratório de teste de imunidade de rebanho”.
Andréa ainda contou que conversou com Pazuello sobre a cloroquina e outros medicamentos que o governo federal estava indicando para o tratamento de Covid-19, mostrando que eles não tinham eficácia e que os estudos científicos não endossavam aquelas atitudes.
“Eu sabia que a cloroquina não funcionava desde o início, mas ele ria da minha cara e dizia que eles iam mudar a bula”, disse.
O ex-presidente Lula, em entrevista à Rádio Mix de Manaus, criticou a “falta de respeito” de Jair Bolsonaro e de Eduardo Pazuello na condução do combate à pandemia.
“Nunca mais se repetirá o descaso que o atual governo fez com o Estado do Amazonas, nunca mais alguém morrerá por falta de oxigênio. Foi uma falta de respeito com o povo do Amazonas e o comportamento do presidente da República, inclusive ele imitando as pessoas afogadas sem água”, acrescentou.
“Esse cidadão atrasou a vacina e pelo menos metade das mortes no Brasil se devem a ele, são de responsabilidade dele por brincar com a pandemia, de tentar vender remédio que não funciona, de dizer para o povo não tomar vacina e de ter como ministro o Pazuello”, continuou.
Lula ainda lembrou do programa Mais Médicos, que garantiu que todas as cidades do Amazonas tivessem médicos. “Eles acabaram com o Mais Médicos. Tínhamos a Farmácia Popular que vendia seis milhões de tipos de remédios de uso contínuo, e ele acabou com isso prejudicando a vida do povo”.