Ato na sede do partido em Brasília lançou pré-campanha nesta sexta-feira (21). Pré-candidato tem vasta experiência. Já governou o Ceará, foi ministro da Fazenda e da Integração
O PDT confirmou, nesta sexta-feira (21), em Brasília a pré-candidatura do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes à Presidência da República.
O lançamento da pré-candidatura ocorreu em ato na sede do PDT em Brasília, no encerramento da convenção nacional do partido. Antes mesmo desse anúncio oficial, no entanto, Ciro já manifestava o desejo de concorrer à Presidência — e era tratado como pré-candidato pela legenda.
“Acabamos de aprovar a pré-candidatura de Ciro Gomes, por unanimidade, por aclamação”, anunciou o presidente nacional do PDT e ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O lema da campanha, divulgado nesta sexta-feira, vai ser “A Rebeldia da Esperança”.
“Ciro é o candidato mais preparado”, ressaltou Lupi.
Entre os presentes no ato de lançamento da pré-candidatura de Ciro Gomes, estavam o senador Cid Gomes (PDT-CE); o deputado André Figueiredo (PDT-CE); e o ex-prefeito de Fortaleza (CE), Roberto Cláudio.
O evento também foi marcado por homenagens ao ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, fundador do PDT, que morreu em 2004. Se vivo, Brizola completaria 100 anos neste sábado (22).
Em seu discurso, o ex-governador do Ceará criticou a grave crise econômica em que se encontra o país, responsabilizando Bolsonaro e outros governos pela atual situação crítica.
“Na verdade, o centro do mundo deles é a subserviência aos seus patrões, que sempre lucram nas costas do povo. Por isso, mantém há décadas a mesma política econômica que paralisa o país, aumenta a pobreza e amplia a desigualdade. Eles fazem isso porque têm patrões poderosos, visíveis ou ocultos. Nacionais ou multinacionais. Trabalham, na verdade, para estes sanguessugas e não para o povo batalhador. Eu sou bem diferente deles”, afirmou.
“Meu patrão é o povo e minha pátria a minha patroa!”, completou.
Ciro ressalvou que o período aberto com a revolução de 30 até 1980 foi de progresso do país.
“Nunca vou me cansar de dizer que por mais de 50 anos, de 1930 a 1980, fomos o país que mais cresceu no mundo. E nunca vou me cansar de dizer que depois disso viemos em progressivo declínio, até que sobreveio a estagnação dos últimos dez anos.
Paramos no tempo e no espaço. Enquanto boa parte do mundo avançava, nós começamos a andar para trás. Caranguejos atolados no mangue do atraso. Gosto de lembrar, com amarga tristeza, que em 1980 nosso PIB per capita era 15 vezes maior que o chinês. Hoje não alcança 79%”, analisou.
“Estamos perdendo nossa grandeza, exaurindo nossas riquezas, destruindo nosso meio ambiente e ampliando nossa pobreza. E por que tudo isso aconteceu se, como antes, estamos debaixo do mesmo belo céu azul, abençoado pelo Cruzeiro? Se pisamos a mesma terra fértil e somos o mesmo povo lindo e trabalhador? A resposta é simples: unicamente por conta da política e dos políticos”.
“Desde o famigerado Consenso de Washington, em 1989, que poderosos estrangeiros e seus asseclas nacionais conseguiram domesticar a política e encapsular a economia, dos países mais pobres, na camisa de força do neoliberalismo”, apontou Ciro.
“Desemprego, fome, desmantelamento de indústrias e estados nacionais, explosão de refugiados a vagar perdidos pelo mundo”.
“Aqui no Brasil, estagnação completa ou crescimentos curtos e enganadores. Voos de galinha para a renda e consumo do povo e permanentes voos de abutre para os rapinadores”.
“Lucros imensos para os especuladores financeiros e migalhas para os pobres, em ridículas políticas compensatórias, que, ao invés de os envergonhar, servem curiosamente de orgulho e bazófia para alguns que se dizem de esquerda”.
“Nós sabemos bem quais os inimigos a combater”, enfatizou Ciro.
“Eles são a pobreza, a violência, a fome, a desigualdade, o desemprego, o subemprego, o baixo salário, a péssima educação, a saúde precária, o baixo crescimento, a desindustrialização, a corrupção, o racismo, a opressão da mulher e a destruição das pessoas e do meio ambiente. Nós sabemos quais as armas que devemos empunhar”, acrescentou.
“A principal, e mais abrangente delas, é um moderno Projeto Nacional de Desenvolvimento que privilegie a produção em lugar da especulação, que gere bons empregos, que estruture um cenário macroeconômico favorável a quem produz, que modifique a política de juros altos, a estrutura tributária distorcida, a má qualidade dos gastos públicos e que amplie o investimento nas áreas da educação, da ciência e da tecnologia”, apontou.
“Ou seja: que desmonte o tal tripé econômico e coloque de pé uma economia dinâmica e moderna, com inflação controlada, sem desequilíbrios e sem déficit fiscal”.
Ele frisou que vai mudar a criminosa política de preços que o governo impõe à Petrobrás e que ocasiona a explosão de preços altos dos combustíveis. “Mudarei, sim a criminosa política de preços e de gestão da Petrobrás”, disse.
“Podem tremer de medo os tubarões que dela se apossaram e que querem tomá-la, em definitivo, dos brasileiros. Mas vibrem de alegria milhões e milhões de compatriotas que pagarão combustível mais barato e poderão gritar de novo: “O Petróleo é Nosso””, adendou.
“Vamos criar estoques reguladores de feijão, arroz e outros cereais e alimentos, para baixar o preço da comida”, propôs o ex-governador.
Ciro Gomes finalizou seu discurso conclamando: “Vamos, minhas irmãs e meus irmãos, colocar nossa pátria de pé, em um grande movimento de rebeldia e esperança! Vamos arrancar a pedra de gelo que parte do Brasil ainda tem no peito e transformá-la em água para dar de beber a quem tem sede de vida e de justiça”.
“Darei até a última gota de meu suor, de meu sangue, da minha energia nesta missão histórica!”.
BRIZOLA
A deputada estadual, Juliana Brizola, (PDT-RS), neta de Brizola, declarou que o lançamento de Ciro acontece num momento especial, em que seu avô completaria 100 anos neste sábado, dia 21.
“Nós estamos apresentando para o Brasil um projeto, encabeçado por nosso líder Ciro Gomes. Um projeto que tem tudo a ver com o aquilo que meu avô sempre sonhou em implementar no Brasil”, disse.
“Saímos fortificados para trabalhar nos Estados pela eleição de Ciro Gomes”, completou a deputada.
O vice-líder da bancada do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), afirmou que o desafio agora é fazer com que os concorrentes debatam os problemas do país com o ex-governador do Ceará.
“Vários concorrentes de Ciro fogem do debate, de discutir as causas dos problemas que são seculares do Brasil”, disse.
“Nós do PDT temos o melhor candidato, mais competente, com mais conteúdo, que tem coragem para enfrentar o sistema que aí está. Coragem para levar o povo brasileiro às ruas, coragem para fazer as mudanças que o Brasil tanto precisa”, destacou o vice-líder.
O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, frisou que “Ciro é a pessoa mais preparada para reconciliar o Brasil, para unir o Brasil”.
“Sou entusiasmadíssimo defensor da candidatura do Ciro, do PND (Projeto Nacional de Desenvolvimento) e de um Brasil que cada vez valorize mais a educação como caminho do progresso e da igualdade”.
CARREIRA POLÍTICA
Ciro concorreu nas eleições de 1998 (PPS), 2002 (PPS) e 2018 (PDT). Na última eleição presidencial, recebeu 13,3 milhões de votos (12,47%) e ficou em terceiro lugar.
Atual vice-presidente do PDT, Ciro Gomes foi ministro da Fazenda entre setembro de 1994 e janeiro de 1995, período final do governo Itamar Franco (PMDB) e início do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Advogado, Ciro também foi ministro da Integração Nacional, entre janeiro de 2003 e março de 2006, no primeiro mandato de Lula.
Ex-governador do Ceará e ex-prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes já foi deputado federal e está no sétimo partido desde que ingressou na política – também foi filiado a PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB e Pros.
CANDIDATOS
Outros partidos também já lançaram oficialmente pré-candidatos ao Palácio do Planalto:
- Cidadania – Alessandro Vieira, atual senador por Sergipe;
- Avante – Andre Janones, atual deputado federal por Minas Gerais;
- Novo – Felipe d’Ávila, cientista político;
- PSDB – João Doria, atual governador de São Paulo;
- UP – Leonardo Péricles, presidente do partido; e
- MDB – Simone Tebet, atual senadora pelo Mato Grosso do Sul.