O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, mantinha em seu celular imagens sugerindo o enforcamento de Lula, convocando manifestações por uma “intervenção federal” e fake news sobre as urnas eletrônicas.
O site Metrópoles teve acesso a parte do material que a Polícia Federal encontrou no armazenamento “em nuvem” do ex-ministro, que jogou seu celular fora para não entregá-lo aos investigadores.
Uma imagem, que foi salva em dezembro de 2022, mostra uma rampa e forca. E diz: “Os corruptos comunistas que fraudaram as eleições subirão nesta rampa em Brasília construída pelo povo brasileiro”.
Anderson Torres também salvou uma “convocação nacional”, referente ao dia 2 de novembro de 2022, para manifestações em frente aos quartéis do Exército. Os atos tinham como objetivo exigir “intervenção federal”.
Outra imagem encontrada pela PF nos arquivos do ministro de Bolsonaro é uma propaganda da deputada Bia Kicis (PL-DF) em defesa do voto impresso, proposta negada no Congresso Nacional.
Além disso, Anderson Torres salvou uma fake news sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um dos principais alvos das campanhas de difamação dos bolsonaristas.
“Ele é funcionário público, que tal darmos 5 dias para ele explicar a origem do dinheiro para comprar 8 imóveis, ao valor médio de 4 milhões cada. Com salário de R$ 39 mil”, diz a mensagem. As informações são falsas, segundo agências de checagem.
Com o fim do governo Bolsonaro, Anderson Torres foi nomeado, em janeiro, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Em poucos dias, desmontou toda a segurança do DF para permitir a chegada dos golpistas até a Praça dos Três Poderes e facilitar a tentativa de golpe realizada no dia 8 de janeiro.
No dia 8 de janeiro, no entanto, Torres não estava no Brasil, pois tinha convenientemente viajado para os Estados Unidos a lazer. Lá mesmo, na tarde do dia 8, ele foi demitido do cargo pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), por não cumprir suas obrigações e permitir as invasões aos prédios dos Três Poderes.
Ele voltou para o Brasil alguns dias depois e se entregou para a Polícia, que o prendeu imediatamente.
Anderson Torres não trouxe o seu celular para o Brasil e disse aos investigadores que perdeu o aparelho nos Estados Unidos. Na verdade, ele jogou fora seu celular para obstruir a investigação policial.
Nas operações de busca e apreensão na casa do ex-ministro bolsonarista, a Polícia Federal encontrou a minuta de um decreto presidencial que visava anular fraudulentamente as eleições de 2022.
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