O inquérito da Polícia Federal que revelou a existência de um esquema de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi transferido para o Supremo Tribunal Federal (STF) e terá o ministro Cristiano Zanin como relator.
Segundo reportagem do UOL, diálogos obtidos no celular do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves mostram que ele negociou milhões com clientes, sem ser advogado no caso, para conseguir decisões favoráveis no STJ.
Em abril de 2020, ele disse a um interlocutor que faturou R$ 19 milhões por atuar em um processo no qual a ministra Nancy Andrighi decidiria sobre uma disputa de R$ 600 milhões envolvendo a J&F.
“Mais um cliente feliz”, falou o lobista. Sua esposa, Miriam Ribeiro Gonçalves, foi contratada como advogada da J&F em diversos processos no STJ depois do caso.
Andreson também comentou por mensagens sobre um processo que tramitava com a ministra Isabel Gallotti, enviando a minuta de uma decisão judicial que ainda não tinha sido publicada. Ele ainda disse ter cobrado R$ 3 milhões seu cliente para conseguir a decisão.
De acordo com o UOL, a investigação identificou que cinco ministros do STJ podem estar envolvidos no escândalo. São eles: Og Fernandes; Nancy Andrighi; Isabel Gallotti; Paulo Moura Ribeiro; e Antônio Carlos Ferreira
Uma empresa de Andreson, a Florais Transportes, pode ter sido utilizada para realizar os pagamentos para os ministros, de acordo com a PF. O STJ afastou dois servidores que foram citados na investigação.
A PF também investiga um esquema de compra de sentenças envolvendo desembargadores da Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS), levando ao afastamento de quatro desembargadores e do presidente da Corte.
O presidente do TJ-MS afastado é Sérgio Fernandes Martins, enquanto os desembargadores afastados são Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel e Marco José de Brito Rodrigues.
Em uma operação de busca e apreensão, a PF encontrou quase R$ 3 milhões em dinheiro vivo na casa do desembargador aposentado Júlio Roberto Siqueira Cardoso. Ele deixou o TJ-MS, onde atuou por 40 anos, em 2024.