Subprocuradora bolsonarista não perguntou nada ao Planalto. Não quis saber da falta de oxigênio em Manaus e nem dos atrasos nos contratos de aquisição das vacinas
A cobrança feita nesta terça-feira (20) pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, aliada do procurador-geral Augusto Aras, aos Estados a respeito da aplicação de verbas na construção dos hospitais de campanha, revela que Aras está se insinuando como integrante da cruzada do Planalto para tentar intimidar o Legislativo no início das investigações da CPI a pandemia.
Lindôra Araújo, que é considerada bolsonarista e uma das principais vozes do negacionismo de direita dentro do Ministério Público Federal, expediu ofício a todos os governadores “requisitando dados complementares sobre a situação dos hospitais de campanha previstos, construídos e desativados nos Estados”. Nenhuma pergunta foi feita sobre os atrasos nos contratos para aquisição de vacinas pelo governo federal.
A subprocuradora “requisita informações completas sobre as verbas federais e estaduais utilizadas na construção dos hospitais de campanha, incluindo especificação de valores repassados pela União aos Estados e a quantia redistribuída aos municípios”. Também pede a relação completa dos insumos e equipamentos das estruturas desativadas, com a comprovação da destinação de bens e valores.
Além disso, solicita dados sobre o uso das verbas federais destinadas ao combate à pandemia, perguntando, por exemplo, se “algum valor foi realocado para outros fins”.
Estranha-se que a mesma zelosa subprocuradora não tenha ainda pedido informações mais detalhadas sobre a falta de oxigênio em Manaus, que causou a morte de dezenas de pessoas e a escassez de insumos para intubação, que também esta matando muitas pessoas.
Na semana passada, o próprio Aras, fazendo coro com as milícias Bolsonaro, pediu esclarecimentos aos governadores a respeito da aplicação das vacinas, questionando-os sobre a diferença entre a quantidade de vacinas repassadas pelo governo federal e a quantidade aplicada. O procurador-geral ignorou, por exemplo, que o próprio Ministério da Saúde recomendou que uma quantia fosse guardada para aplicação da segunda dose.