Bolsonaro mantém ainda o diesel e o gás de cozinha atrelados ao dólar fazendo explodir seus preços e diz cinicamente que a culpa é dos governadores. Presidente da Petrobrás mente aos deputados em audiência pública nesta terça-feira (14)
O presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, insistiu em continuar mentindo para o país em audiência pública nesta terça-feira (14), ao afirmar que não é o governo federal o culpado pelas altas frequentes nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha. Os aumentos seguidos no preço da gasolina, diesel e gás de cozinha são causados pelo atrelamento dos preços internos desses produtos ao dólar e ao preço do barril de petróleo nas bolsas internacionais.
Nesta semana, o preço médio da gasolina subiu pela 6ª semana nos postos do país, de acordo com levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em algumas cidades, o preço do litro da gasolina já passa dos R$ 7 – e se transformou num dos vilões da inflação deste ano, responsável por afetar duramente o orçamento das famílias brasileiras. Sem falar que o gás de cozinha já passa de R$ 100 em praticamente todos os estados, levando muitos brasileiros a retornarem ao fogão à lenha.
A decisão sobre os aumentos é exclusivamente da Petrobrás, com o respaldo de Jair Bolsonaro. A política de preços dos combustíveis é uma política oficial do governo federal e é o que deve ser mudado. Não adianta tentar jogar a culpa na arrecadação do ICMS por estados e municípios. Primeiro, porque não são as alíquotas do ICMS que estão se alterando quase toda a semana, como acontece com os preços cobrados pela Petrobrás na refinaria.
Só este ano eles já subiram 50% na refinaria. O ICMS é fixo e não tem alteração há anos. Portanto, o ICMS não tem nada a ver com a atual explosão dos preços. Segundo o IBGE, a gasolina acumula no ano uma alta na bomba de 31,09%. Esses aumentos, juntamente com as explosões da energia elétrica e dos alimentos, também por culpa do desgoverno Bolsonaro, estão jogando a inflação para níveis que já alcançam os dois dígitos.
A questa é: qual o motivo para Bolsonaro não desvincular o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha do dólar e da especulação internacional das bolsas?
É simples. Porque ele é um covarde, um serviçal dos poderosos. Quem decide e a manutenção dessa política desastrosa que está esfolando os brasileiros são as multinacionais, os importadores de combustíveis e os acionistas privados da Petrobrás, na sua maioria estrangeiros, que querem receber seus dividendos.
Quando diz que Petrobrás fica com R$ 2 do preço total da gasolina, como fez o representante de Bolsonaro na direção de empresa, na audiência desta terça-feira na Câmara dos Deputados, ele está repetindo o que fizeram na propaganda enganosa veiculada oficialmente e que levou os governadores processarem a empresa. O que o governo quer é fazer crer que o resto do preço é tudo ICMS. É mentira. Há a mistura de etanol, na proporção de 27%, há os custos logísticos das distribuidoras, etc, que ele finge que não existem. Como a alta está incomodando os brasileiros e fazendo aumentar a rejeição ao seu governo, ele busca colocar a culpa nos outros.
Na verdade o que Bolsonaro quer é estrangular os serviços de saúde pública, de escolas, de segurança pública, etc, que são serviços financiados pela arrecadação do ICMS, para continuar concedendo enormes lucros às multinacionais, aos importadores de combustíveis e acionistas privados da Petrobrás.
Com sua criminosa política atrelada ao dólar, qualquer redução dos impostos não reduzirá os preços que estão subindo com a variação do dólar e do barril, que não param de subir. Até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a criticar, nesta terça-feira (14), a política de reajuste da Petrobrás, enquanto falava dos choques consecutivos que impactam a inflação no Brasil. “A Petrobras repassa preços muito mais rápido do que ocorre em outros países”, afirmou em evento com o setor privado.
É só ver a demagogia que Bolsonaro fez quando anunciou que zerou a alíquota dos impostos federais da gasolina, do diesel e do gás de cozinha e os preços não só não caíram, como não pararam de subir. Os preços estão subindo porque eles estão atrelados ao que ocorre lá fora. E o dólar e o barril de petróleo estão em alta e vão continuar subindo. Aliás, quanto mais Bolsonaro comete insanidades, como as do 7 de Setembro e outros arroubos golpistas, mais o dólar sobe e com ele os preços e a inflação.
Ficar fatiando o preço final e dizendo que é caro por causa dos impostos é puro cinismo. Foi isso que o presidente da empresa fez na Câmara. Disse que o governo só fica com R$ 2 e que a segunda parte do preço, corresponde a uma série de tributos”. “Destes, o que afeta, porque impacta todos os outros, é o ICMS. Quando há flutuação no preço não significa que a Petrobras teve alteração no preço”, disse. Ou seja, o cidadão mente sem a menor cerimônia. A única coisa que se altera regularmente é o preço na refinaria, o resto, ou seja, os impostos são fixos.
O deputado Edio Lopes (PL-RR), no entanto, afirmou que atribuir a alta dos preços dos combustíveis exclusivamente ao ICMS é “simplista”. “Seria simplista atribuir a responsabilidade apenas no ICMS, tributo de fundamental importância para os estados. Lá em 2011, a gasolina custava R$ 2,90 e a carga tributária era a mesma dos dias atuais. Que a carga tributária, especialmente do ICMS, é um fator que pesa no resultado final do combustível é verdade, mas é simplista dizer que só isso é a causa”, rebateu o presidente da Comissão de Minas e Energia.
Essa política desastrosa de preços levou o país à maior crise em 2018 com o colapso e a greve dos caminhoneiros. Houve desabastecimento das cidades. E tudo isso ocorreu no governo de Michel Temer, o mesmo que agora ‘socorreu’ Bolsonaro.
Naquela ocasião, a Petrobrás alterou a sua política de preços de combustíveis para seguir a paridade com o mercado internacional. Ou seja, para atrelar os preços de venda dos combustíveis praticados pela estatal dentro do país ao dólar e ao barril de petróleo. Dessa forma, uma cotação mais elevada da commodity e uma desvalorização do real têm potencial para contribuir com uma alta de preços no Brasil.