Pelo menos seis pessoas ficaram feridas, além de vários jornalistas, quando a polícia reprimiu com golpes, chutes e objetos contundentes um protesto da oposição, na capital nicaraguense, Manágua, denunciaram os atingidos.
O incidente ocorreu ao final de um foro sobre reformas eleitorais que as frentes de oposição União Nacional Azul e Branco (Unab) e Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia (ACJD) realizavam em um hotel no centro da cidade.
“É incrível como estavam enfurecidos esses policiais, eles nem tiveram a menor consideração em golpear as mães” de opositores presos, assinalou o economista Juan Sebastián Chamorro, que recebeu um soco no rosto quando tentava intermediar em favor das mulheres. “Era um encontro pacífico, não havia nenhuma ameaça de desordem nem de confronto. É inaceitável essa falta de qualquer condição de se opor à política de governo”, acrescentou.
A Nicarágua passa por uma grave crise desde que começaram fortes protestos da população, em abril de 2018, contra uma reforma da previdência social que pretende cortar benefícios de uma parcela ampla dos aposentados e que derivaram na exigência da renúncia do presidente Daniel Ortega, e de sua esposa Rosario Murillo, que exerce a vice-presidência.
A repressão às manifestações deixou um saldo de 328 mortos, centenas de presos e mais de 80.000 exilados, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Familiares e grupos que exigem a libertação de mais de 160 opositores detidos tentaram se manifestar nas ruas próximas do hotel de Manágua, o que provocou a intervenção de dezenas de policiais e forças ditas ‘antimotins’.
Os manifestantes denunciaram que a polícia quebrou vidros de janelas e portas de prédios onde tentaram se resguardar e os deixou presos por horas dentro do hotel.
Vários jornalistas que cobriam o protesto também relataram que foram golpeados, chutados e seus equipamentos quebrados pelos agentes.
“Puxaram-me forte pelo cabelo, me bateram, me encurralaram contra a parede do hotel com violência (…) e quebraram meu celular, e todos os instrumentos de trabalho”, contou a jornalista Castalia Zapata, do Canal 12.
Seu companheiro de trabalho, Luis Alemán, disse que os “pegaram a golpes, aos chutes” e destruíram sua câmera.
Também foram agredidos o fotógrafo Oscar Navarrete, do jornal La Prensa, e o jornalista Ismael López, da agência Reuters.
Familiares de pessoas presas nas manifestações anteriores realizam desde fins de novembro jornadas denominadas “Natal sem presos políticos” para pressionar o governo pela libertação de opositores e pela democracia de expressão e organização.