Os pré-candidatos a prefeito de São Paulo defenderam o desenvolvimento da cidade, combate à desigualdade e criticaram os ataques à democracia durante a Conferência São Paulo Sua (CSPSua), realizada no sábado (14), no Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP).
A iniciativa teve como objetivo apresentar aos pré-candidatos a prefeito e vereadores uma agenda mínima para a eleição municipal de 2020.
Para o Presidente da conferência, Allen Habert, a eleição municipal de 2020 será a mais importante desde a redemocratização. “Democracia dá trabalho, mas é muito melhor que a ditadura, que a violência institucionalizada. Contra a escuridão e o atraso. Pacto pela vida, pacto pelo trabalho, pacto pela democracia é o nosso pacto pela cidade de São Paulo”, destacou Allen, que também é dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU).
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que “numa cidade que tem a desigualdade do tamanho da cidade de São Paulo, o governo tem que fazer uma opção”.
“Não é possível servir a dois senhores. Tem que governar para quem mais precisa”, afirmou o parlamentar.
O ex-governador Márcio França, pré-candidato do PSB, propôs fazer de São Paulo um lugar de desenvolvimento, de debate democrático e de entendimento.
Para Márcio França, o processo eleitoral na capital paulista pode servir de exemplo para o resto do Brasil, no que diz respeito à democracia.
“Não foi isso que nós pensamos para o Brasil, um país de ódio, um país de briga. Há uma sensação quase que genérica que as pessoas estão bravas, e isso produz um ambiente ruim, um ambiente que parece que elas querem se atritar, [mas] elas não querem. A grande maioria não quer fazer atrito… Você pode divergir da pessoa, mas isso não quer dizer que você quer fazer da pessoa seu inimigo, ele apenas pensa diferente do que você pensa. E para fazer isso, é claro que a cidade de São Paulo pode dar um grande salto em todo Brasil, se ela conseguir produzir uma solução a partir de São Paulo, como já aconteceram tantas vezes. Essa é a nossa tarefa”, afirmou Marcio França.
Carlos Fernandes, do Cidadania, defendeu a construção de “um programa autossustentável, fazer a economia circular e fazer de São Paulo uma cidade moderna. Propor mais equipamentos culturais, geração de emprego e capacitação dos jovens à mercê do desemprego”. “São Paulo é uma cidade desigual e pseudo-rica. Quem já governou essa cidade, sabe como é difícil. Nós temos que dar prioridade ao que ela realmente precisa. Precisamos ouvir a população”, acrescentou.
Lúcio Maluf, do PDT, afirmou que “São Paulo precisa modernizar a gestão, viabilizar as propostas de forma integrada em todos os setores”.
Para Andrea Matarazzo, pré-candidato do PSD, São Paulo precisa de “menos palavras e mais ações”.
Rui Falcão (PT), que substituiu Fernando Haddad no debate, questionou: “como sustentar o pilar da democracia com um governo que rasga a Constituição? É impossível falar das eleições em São Paulo sem enfrentar esse monstro que se fortalece. AI- 5 e ditadura nunca mais!”.
Orlando Silva também afirmou que é preciso valorizar as gestões anteriores que priorizaram o diálogo com a sociedade e concluiu seu discurso afirmando que as iniciativas, como o debate promovido pela CSPSua servem de base para a construção de um campo político na cidade de São Paulo em defesa da democracia brasileira.
“Aqui entre nós pode haver diferenças, polêmicas de vários ângulos, mas considero que todos nós defendemos a democracia. A eleição de São Paulo será de disputa de projetos”, disse Orlando Silva, adiantando que, caso ele não passe para o segundo turno da eleição de 2020, terá o apoio dele o candidato que fizer parte do campo democrático: “A democracia é outra forma de defender São Paulo”.
O pré-candidato Guilherme Boulos (Psol) enfatizou que “precisamos ter a coragem de moldar a cidade com políticas públicas eficientes para a população, visando combater a desigualdade e os problemas na cidade”.
“Está na hora de pensar uma cidade democrática e retomar o orçamento participativo em prol das melhorias de São Paulo”, completou.
Estavam presentes ainda à conferência os vereadores Eliseu Gabriel (PSB) e Eduardo Suplicy, a ex-vereadora Lidia Corrêa (PCdoB), José Manoel Ferreira Gonçalves, representando o PDT, o sociólogo Vicente Trevas, coordenador do campo temático Democracia, Governança e Participação da Conferência São Paulo Sua e o economista e professor da PUC Ladislau Dowbor.
ANTONIO ROSA e THIAGO CÉSAR