
A intensa mobilização da comunidade escolar contra o afastamento de 25 diretores pela gestão Ricardo Nunes (MDB) garantiu uma importante vitória nesta quinta-feira (29). Após forte pressão da Coeduc — que reúne os sindicatos Sedin, Sinpeem e Sinesp — em reunião com a Secretaria Municipal de Educação, a nomeação de interventores para substituir os diretores foi suspensa. O recuo da prefeitura é resultado direto da ação firme de educadores, estudantes, famílias, parlamentares e entidades sindicais em defesa da gestão democrática nas escolas.
“Revogado, por exemplo a designação daqueles 25 assistentes de direção considerados como interventores e a reunião que seria realizada amanhã (hoje) iniciando a implementação do programa, também foi cancelada”, destacou Cláudio Fonseca, presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo), que participou do encontro.
“Os diretores vão realizar reuniões na próxima semana, onde haverá apresentação e discussão do programa (“Juntos pela Aprendizagem”) e nós não vamos mudar nada do nosso posicionamento. As discussões vão continuar na semana que vem. Vamos acompanhar a reunião, mantendo o nosso posicionamento firme em defesa da escola pública gratuita, democrática gestão pública no interesse público”, assegurou Cláudio.
A vitória parcial foi comemorada pela categoria. Roberto de Medeiros, diretor da Emef Caio Sergio Pompeu de Toledo, que fica na Cidade Tiradentes, zona leste da cidade, e um dos servidores afastados, afirma que a mobilização de famílias e alunos foi o ponto decisivo para o recuo da prefeitura.
“Certeza que foi por causa das comunidades escolares”, avalia. “Agradeço muito a todos os políticos, os parlamentares, os acadêmicos”, disse, ao Brasil de Fato. “[…], mas se não fossem as comunidades escolares, as famílias e principalmente os alunos, isso não estaria assim, a gente estaria provavelmente correndo risco de exoneração”, analisou.
“Ainda não é tudo o que nós queríamos, porque nós não queríamos que tivesse esse curso de formação para os diretores”, diz a vereadora Sílvia Ferraz, da Bancada Feminista. Além disso, ela afirmou que, enquanto o novo modelo do curso não for definido, não há clareza sobre o retorno dos diretores afastados às escolas.
Já a deputada federal Luciene Cavalcante (Psol-SP) destacou que “o prefeito Ricardo Nunes afirmou na audiência pública, na Câmara Federal, na terça-feira, que não iria recuar dessa política autoritária absurda”, observa. E hoje está aí o resultado da nossa luta”, comemora.
“É sim um avanço importante”, ressalta Luciane. “Nós vamos aguardar para ver como que vai sair publicado amanhã a revogação desses atos, mas a gente quer mais”, ressalta. “A gente quer transparência, a gente quer democracia na formação das políticas públicas”, finalizou a parlamentar.
Em nota, a SME informou que o programa “Aprimorando Saberes” seguirá em andamento com a participação dos 25 diretores que haviam sido convocados. A pasta também declarou que, durante reunião com os sindicatos que representam os servidores da educação, o diálogo foi mantido aberto para discutir possíveis ajustes e a organização do cronograma, previsto para ocorrer entre junho e dezembro.
A SME ainda confirmou que uma nova reunião está marcada para segunda-feira, 2 de junho, com a presença dos diretores envolvidos e representantes sindicais.
Crítico à iniciativa de Nunes, o vereador Hélio Rodrigues (PT), que participou do protesto na Emef Espaço de Bititita, na zona norte paulistana na segunda-feira (26), cujo diretor, Claudio Marques, é um dos atingidos, alertou que ela representa a privatização da educação pública. “A gente sabe que o que tá em curso é o início do processo de privatização da educação no município, embora o prefeito ainda não admita”.
Nas redes, a Coeduc destacou: “Sinpeem, Sedin e Sinesp garantem a revogação do programa de interventores nas escolas. Vitória da nossa categoria e das comunidades resistentes!”, informando que o calendário de lutas, apesar do recuo, está mantido.