O ex-secretário de Cultura do Município de São Paulo Nabil Bonduk diz que há elementos suficientes para ingressar com uma representação no Ministério Público contra a gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) por possível desvio de recursos públicos no Carnaval 2024. O urbanista fez uma postagem no X (antigo Twitter) no domingo (11) na qual denuncia a destinação de R$ R$ 2,1 milhões para um camarote open bar (bebida de graça) no sambódromo do Anhembi para um público de crianças e adolescentes.
Na publicação, o urbanista aponta que a Prefeitura de São Paulo pagou a quantia milionária ao Grupo Top, em parcela única, para criar um camarote open bar na Sambódromo, que pertence à própria prefeitura.
“Para entrar no MP é suficiente. Agora eles precisam abrir um inquérito e ampliar a investigação”, defendeu Bonduki em entrevista ao HP. “Ingressaremos no Ministério Público para investigar esse e outros absurdos no Carnaval de SP”, sustentou.
A justificativa para o uso do dinheiro público – sem licitação – era que crianças e adolescentes que frequentam a Escola Municipal de Iniciação Artística (Emia) e a “Rede Daora”, para jovens a partir de 14 anos, tivessem um espaço do município para formação durante os dias do desfile das escolas de samba no Carnaval. Segundo Bonduk, a procuradora da Secretaria emitiu parece contrário ao pagamento apontando uma série de irregularidades no processo
“Que eu saiba, não. (Pelo menos) na nossa gestão na SMC (Secretaria Municipal de Cultura), não (houve)”, disse Bonduki ao ser questionado sobre se tinha conhecimento de iniciativas nesse sentido em gestões anteriores da pasta da Cultura. “Eu acho, mas isso precisa ser mais investigado”, respondeu sobre a hipótese de que a criação do tal camarote possa configurar desvio de verba pública.
O pai de um aluno da Emia disse à Hora do Povo que nunca ouviu falar deste camarote. “Não houve nenhum convite para qualquer atividade de alunos da Emia durante o Carnaval. As aulas ainda nem começaram este ano e não ficamos sabendo de nenhum evento. Se a Secretaria está promovendo atividades, não é com as crianças de lá”, assegurou.
Além disso, mencionou o pai, “o público da Emia são crianças de até 13 anos. Não faz qualquer sentido tê-las em um ambiente com bebidas álcool liberadas. Acho isso preocupante e o mínimo é que a Secretaria de Cultura deve é dar explicações à sociedade”, defendeu.
“O contrato foi firmado com a Empresa Top, sem licitação, e com parecer contrário da Procuradora. O bar oferecia caipirinha, cerveja, gin, mojito, refrigerante, água e suco. Está tudo documentado, com acesso pelo site da prefeitura, processo 6025.2024/0001379-9 (enquanto não tornarem sigiloso) e podem ver na sequência de imagens”, publicou Bonduki na rede social no domingo.
Hoje, enquanto conversava com a reportagem, ele foi informado de que o processo já não se encontra mais disponível para acesso público, o que foi confirmado pelo HP que tentou localizar o documento no portal da prefeitura na tarde desta segunda-feira (12). O número da proposta aparece, mas quando se seleciona itens (localização, decisões, documentos, por exemplo) não é permitido prosseguir. “Me informaram agora que o acesso está restrito. Ainda não conferi. Mas tinha previsto que isso aconteceria”, finalizou.