
Segundo a Oilprice, apesar das pressões dos EUA para barrar o gasoduto Nord Stream 2 e impor seu mais caro gás natural liquefeito (LNG, extraído por fracking) aos europeus, é a Rússia que está ganhando a guerra dos gasodutos, e a estatal russa Gazprom e a Comissão Europeia resolveram um entrevero que já durava sete anos, o que permitirá que o gás russo mantenha sua proeminência no abastecimento da Europa central e oriental.
O acordo afasta a possibilidade de que a Gazprom fosse penalizada em bilhões de euros, e permitirá que os países disponham como quiserem do gás, inclusive revendendo. Conforme o site especializado, uma vez adicionado o custo da liquefação do gás e do transporte, o LNG norte-americano é muito mais caro que o gás russo. Até o meio de maio, apenas três navios-tanque com gás norte-americano haviam chegado a portos europeu, conforme a Platts Global.
O Nord Stream 2, de 1.222 quilômetros de extensão, se estende da Rússia à Alemanha pelo leito do Mar Báltico e duplica a atual capacidade anual de 55 bilhões de metros cúbicos de gás do Nord Stream. Estará em operação até o final do próximo ano, unindo, além da Gazprom, as alemães Wintershall e Uniper, a francesa Angie, a anglo-holandesa Shell e a austríaca OMV.
“Aqueles que estão tentando torpedear [o Nord Stream 2] deveriam ser relembrados de que a rota para a Alemanha via Yamal [Rússia] é dois mil quilômetros mais curta que a via Ucrânia”, já apontou o chanceler russo Sergei Lavrov – “e os custos de trânsito são também perto da metade”.
O ministro alemão da Energia, Peter Altmaier, voltou a rebater as pressões de Washington, dizendo que os EUA “estão procurando ampliar seus mercados [de LNG], o que é compreensível, e eles podem chegar aqui com facilidade. Mas é muito mais caro do que o gás dos gasodutos, então, bloquear o Nord Stream 2 por si só não garante as exportações americanas”.
Nas recentes conversações em Sochi da primeira-ministra alemã Ângela Merkel com o presidente russo Vladimir Putin, ela pediu que a Rússia mantenha a entrega de gás via Ucrânia, o que Putin considerou possível.
Na reunião, que reforçou o compromisso russo-alemão pelo Nord Stream 2, o presidente Putin disse que sua construção “depende de nós”, “de como construímos nossas relações com nossos parceiros, isso irá depender de nossos parceiros na Europa, mas nós acreditamos que o gasoduto é benéfico e iremos lutar por isso”.
De acordo com a revista norte-americana Foreign Policy, fontes do governo Trump asseveraram que Washington está perto de impor sanções sobre as empresas de energia européias que participam na construção do gasoduto com a Rússia e que “nada nos parará de bloquear o Nord Stream 2”. A pressão dos EUA sobre os muito mais débeis governos dos Bálcãs acabou por inviabilizar o gasoduto South Stream – apenas para ele renascer como Turkish Stream, em acordo de Putin com o governo Erdogan.