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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) admitiu que os serviços prestados pela Enel em São Paulo são ruins, criticou a empresa e ainda defendeu que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não renove o contrato de concessão, que vence em 2028. Tarcísio, que busca de todas as formas privatizar a Sabesp, admite que a concessionária privada presta um péssimo serviço aos consumidores paulistas.
As críticas de Tarcísio foram feitas na terça-feira (15) durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes. “Olha, a gente não pode ter uma empresa que a cada chuva deixa o paulistano na mão ou o morador da região metropolitana. Então, são eventos climáticos que acontecem, que a gente sabe que acontece, e a gente não vê uma preparação da empresa para enfrentar essa situação”, disse.
E complementou: “Isso significa que houve baixo investimento, investimento insuficiente em termos de resiliência de rede e não houve cuidado devido com a manutenção, com o mapeamento de pontos críticos”.
O governador ainda afirmou que conversou com Aneel diversas vezes, além de já ter se reunido com o conselho da Enel e o presidente da empresa.
“Nós colocamos a nossa angústia, nossa preocupação com esse problema de prestação de serviço. A gente está falando de um recurso essencial que é a energia e nosso cidadão não pode ficar sem energia, várias horas sem energia, repetidamente. É uma coisa que está afetando nosso dia a dia e a gente precisa de uma providência enérgica, imediata e é fundamental que a gente pense o futuro”.
SABESP NA MIRA
Apesar de defender não renovar a concessão da Enel, Tarcísio mantém a entrega da água de São Paulo às mãos da iniciativa privada em sua mira.
A privatização da Sabesp, uma das maiores companhias de saneamento do mundo, é considerada a prioridade de Tarcísio. Segundo o governador, a mesma iniciativa privada que desmontou a manutenção do fornecimento de energia de São Paulo, seria “mais eficiente” que a Sabesp para administrar o abastecimento de água.
O projeto de lei que autoriza que o governo de São Paulo negocie a venda das ações da empresa foi aprovado no final do ano passado de forma atropelada na Alesp. Em meio a protestos e com uma grande repressão por parte da PM, deputados governistas votaram um projeto
Os deputados que se opõe à venda da Sabesp denunciam a irregularidade do PL, já que, para autorizar a negociação, seria necessária uma mudança na Constituição de São Paulo.
DEMISSÕES E TERCEIRIZAÇÕES
Quando assumiu o controle da distribuição de energia em São Paulo, a Enel se comprometeu a investir R$ 3,1 bilhões entre 2019 e 2021, para melhoria contínua da qualidade do serviço ofertado. Porém, segundo o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, o valor aplicado foi 10% menor do que aquele anunciado.
Entre 2019 e 2023, o quadro de funcionários da Enel-SP aumentou apenas 1,7% e ainda elevou significativamente o contingente de trabalhadores terceirizado. O número de funcionários próprios teve uma queda expressiva no período, de 30,6%, e os terceirizados tiveram um aumento de 41,3%.
Na prática, funcionários próprios deixaram de ser maioria na empresa. Atualmente, dos 6,7 mil funcionários que atendem pela Enel-SP, apenas 2,4 mil são contratados da empresa.
Para o Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo, que também representa os trabalhadores terceirizados, ainda que o número de operadores da empresa tenha aumentado, a formação dos funcionários próprios é diferente e redução deles impacta diretamente no serviço prestado.
Em 2022, a Enel-SP foi a concessionária de energia elétrica com a pior avaliação no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dentre as sete que atendem no estado paulista. No mesmo período, o lucro da empresa foi de R$ 1,4 bilhões — 80% maior do que em 2019.
O Procon de São Paulo registrou 13,1 mil reclamações de consumidores da capital paulista contra a concessionária de energia Enel de janeiro até 9 de novembro deste ano.
Esse é o retrato cristalino do que é a privatização.