O parlamento francês aprovou, nesta terça-feira, o início de tramitação da proposta de resolução de impeachment do presidente Macron. É uma ação sem precedentes do parlamento francês, ocorre como reação à decisão de Macron que nomeou um político do grupo da minoria eleita, de direita, para o cargo de primeiro-ministro, quando a vitória nas urnas coube à força oposicionista Nova Frente Popular (NFP).
A NFP, coalizão reunindo agremiações de esquerda, venceu nas recentes eleições legislativas alcançando a maioria dos assentos, 180, no parlamento da Assembleia Nacional. Mesmo sendo maioria, eles não conseguiram eleger o suficiente para formar maioria absoluta que seria de 289 assentos. A candidata da NFP para o cargo de primeiro-ministro seria Lucie Castets, de 37 anos, que Macron resolveu preterir.
Ele nomeou para primeiro-ministro, Michel Barnier, de 73 anos, do partido de direita, ‘Les Républicains’, que tem apenas 64 de 577 assentos no parlamento francês. A desculpa de Macron seria que se ele nomeasse o candidato da esquerda, seria revogada a ‘Reforma da Previdência’ (que eleva a idade da aposentadoria) e se aumentaria o salário mínimo para 1.600 euros. Macron abriu assim o jogo de atua com total prioridade em favor do sistema financeiro francês, ou seja, manter cortes para garantir primeiro o pagamento da dívida aos bancos.
Para aprovar o trâmite da resolução pelo impeachment seriam necessárias assinaturas de 10% dos parlamentares em favor da proposta, que a NFP por ser maioria facilmente conseguiu. Na segunda-feira, 16, a proposição passou no Bureau da Assembleia Nacional (órgão de gestão parlamentar), com 12 a 10 votos. Agora a petição vai para consideração do Comitê Legal, e após sua conclusão, irá para agendamento na Assembleia em até duas semanas.
“Ótimas notícias,” disse Jean-Luc Melenchon, líder da coalizão NFP e dirigente do partido França Insubmissa, que foi autor da proposta. “Rejeitar o resultado do voto universal não ficará sem consequências para Macron”, disse Melenchon.
Para o impeachment do presidente francês ser aprovado em primeira votação, são necessários dois terços dos votos da Assembleia Nacional, 385 deputados. Aprovada nesta instância, passaria para o senado, onde precisa de 232 votos.