A PGR entrou com recurso contra a decisão do ministro indicado por Bolsonaro ao STF que mandou, o maior criminoso do Rio, a retirar a tornozeleira eletrônica e a sair de casa depois das 18h
A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou com recurso contra a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, que autorizou o maior criminoso do Rio de Janeiro, o contraventor Rogério Andrade, a tirar a tornozeleira eletrônica e a sair de casa depois das 18h.
O criminoso controla o crime organizado na Zona Oeste da capital e tinha como seu matador profissional o pistoleiro Ronnie Lessa, preso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
De acordo com a PGR, o monitoramento eletrônico é necessário para garantir a ordem pública, pois Andrade é investigado por uma série de crimes e a investigação já está em fase final.
A Procuradoria pede que o ministro Nunes Marques, indicado por Bolsonaro para integrar o STF, reconsidere a própria decisão ou leve o recurso para julgamento.
Rogério Andrade chegou a ser preso em 2022 e agora responde em liberdade por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e por comandar uma organização criminosa de jogos de azar, no Rio.
A decisão de Marques foi um despacho sigiloso feito na terça-feira (16). Ele tomou a decisão sem ouvir a Procuradoria Geral da República.
A decisão de Nunes Marques foi a terceira favorável ao chefe do crime organizado do Rio nos últimos dois anos. Em agosto de 2022, o ministro revogou um mandado de prisão contra ele. Em junho de 2023, tomou a mesma decisão quanto ao filho dele, Gustavo Andrade, que também tinha sido preso na Operação Calígula.
Ronnie Lessa, que trabalhava como matador de Rogério Andrade, fez recentemente um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal e abriu quem foram os mandantes do crime político cometido por ele.
Ronnie Lessa era, ainda, integrante do “Escritório do Crime”, uma central de assassinatos pagos por encomenda das milícias e de outras organizações criminosas do Rio de Janeiro, e que era comandado pelo ex-PM Adriano da Nóbrega, amigo da família Bolsonaro e controlador da milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.
Rogério Andrade foi preso na segunda fase da Operação Calígula, realizada para combater a organização criminosa da família, que é comandada por ele e por seu filho, Gustavo Andrade.
Chama a atenção da Polícia o fato do ministro Nunes Marques ter tomado uma decisão tão séria, de maneira sigilosa, que tem como consequência a facilitação da fuga de um dos mais perigosos criminosos do Rio. E, mais grave, foi tomada às vésperas de outro depoimento de Ronnie Lessa, que foi segurança particular e matador contratado por Rogério Andrade, à Polícia Federal.
Relacionada: