
SAID MAIA (*)
O que é mais triste e revoltante? Ver o presidente da República ir na direção oposta das recomendações do Ministério da Saúde, dos governos de todos os continentes e mesmo de seu ídolo político, Donald Trump, colocando em risco todas as precauções para que o país não se deixe tomar pela epidemia de um vírus avassalador, ou ver o presidente da República estimular e dizer que atos radicais e abertamente golpistas, que defendem a volta da ditadura, devem ser festejados, pois “não têm preço”?
Ironia: na Praça dos Três Poderes, em Brasília, o próprio chefe de Estado, que jurou cumprir a Constituição, troca figurinhas e confraterniza com apoiadores estúpidos que pedem o fechamento de Poderes da República – o “STF, Senado e CâmEra” (assim mesmo, com “e”).

A palavra de ordem das manifestações – esvaziadas, mas suficientes para acelerar a curva do coronavírus – como não poderia deixar de ser, foi o “fo**-se” bradado pelo general Heleno, o militar antipatriótico que pensa estar servindo ao país, mas que não passa de um bolsominion lutando contra moinhos de vento.
Mais que o Covid-19, o que os participantes do Corona Fest fizeram foi espalhar o vírus da ignorância e da estupidez. Não é de estranhar que essa gente tenha como referência, a ponto de chamar de “mito”, um sujeito do calibre intelectual e moral de Bolsonaro. Apesar do barulho que fazem, eles representam uma minoria da população, capazes de falar, de convencer e de contaminar apenas a si mesmos.
(*) Diretor da Faculdade de Direito da UnB