
Milhares de professores marcharam na terça-feira, 03, pelas ruas de Buenos Aires até a sede do Ministério de Educação, encerrando a greve nacional convocada pela Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina (CTERA) em repúdio à política do governo de Maurício Macri para o setor, cujos salários estão devastados pelos aumentos descontrolados das tarifas públicas e a inflação que aumenta cada dia; e contra a recente repressão brutal contra professores do interior do país.
Vieram educadores desde distintas províncias, especialmente de Chubut, do sul da Argentina, que estão há mais de cem dias realizando um protesto e que, quando esperavam ser recebidos pelas autoridades, foram reprimidos com paus e balas de borracha, com saldo de vários feridos; assim como da província de Corrientes, com os professores também vítimas de uma recente repressão das forças de segurança.
Os professores exigiram também negociações sindicais em nível federal.
PAIS SEM TRABALHO
“Nas escolas da grande Buenos Aires vemos que os pais ficam sem trabalho, as mães trazem suas crianças ao refeitório”, relata Sonia Alesso, presidente da CTERA .
CRIANÇAS COM FOME
“Os garotos chegam com fome às 8 horas da manhã. Neste contexto, o governo provincial de María Eugenia Vidal quer tirar os funcionários da orientação escolar, e na cidade de Buenos Aires – o distrito com o PIB per capita mais alto do país –, o prefeito Horacio Rodríguez Larreta tirou o pão do cardápio com o argumento obsceno de ‘prevenir a obesidade’. Em Chubut e Corrientes reprimiram os companheiros que se manifestavam por salários. Isso é o ajuste: professores reprimidos e crianças com fome nas escolas”, descreveu, Sonia Alesso durante a grande mobilização docente que encerrou, frente ao Ministério de Educação, a quinta paralisação nacional dos professores neste ano de 2018.
A participação na greve foi muito alta tanto nas escolas públicas (cerca de 90%) como nas privadas.
As direções das escolas e setores das comunidades de bairro organizadas advertem que já não têm capacidade para os refeitórios onde cada dia aumenta a quantidade de crianças que chegam atrás da única refeição que terão no dia.
Junto com os professores se manifestaram os estudantes das quase 30 escolas de magistério que o governo tenta fechar na capital.