O Sindicato dos Professores de São Paulo (SinproSP) participará de audiência com a direção da Universidade Nove de Julho (Uninove) no Tribunal Regional do Trabalho, nesta quinta-feira (09), para discutir as demissões de 500 professores posta a cabo pela rede universitária, e que ocorreram sem qualquer negociação ou mesmo aviso prévio aos profissionais.
Os professores só souberam do desligamento por informativo online, enviado pelo mesmo sistema que utilizam para dar aulas à distância. O aviso era de que deveriam comparecer à sede da instituição, na região central, para assinar a demissão e devolver carteirinha de plano de saúde, crachás e outros documentos.
“Vamos pleitear no Tribunal que sejam revertidas essas demissões”, afirma Sílvia Bárbara, diretora do SinproSP.
A justificativa para as demissões é a redução do número de alunos e as aulas online permitiram que as faculdades juntassem turmas, até mesmo de unidades diferentes, para que precisassem de menos professores. Algumas instituições também reduziram a carga horária dos docentes, em alguns casos de 40 para 12 horas-aula semanais ainda que mantenham o mesmo número de alunos.
Outras instituições como Faculdade Sumaré, Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) também têm demitido em larga escala. Porém, o SinproSP denuncia que enquanto a maioria dispensou cerca de 10% do quadro de docentes, a Uninove demitiu quase um terço da equipe e que outras instituições seguem a mesma diretriz.
“Não consegui acessar o sistema nem mesmo para lançar a nota das avaliações dos alunos. Depois soube que todos fecharam o semestre com 9 ou 10”, conta um professor de Direito, que pediu para não ser identificado por medo de represália.
Segundo o docente, com as aulas remotas, passou a dar aulas para até três turmas ao mesmo tempo, às vezes com 150 estudantes.
“Os alunos terminam a avaliação e a nota já sai. Assim, otimiza o trabalho e podemos ter turmas maiores. O problema é que nem todo curso ou disciplina podem ser avaliados com qualidade dessa forma”, contou Ulisses Rocha, professor de Jornalismo da Uninove, também demitido na última semana.
A Unicsul é outra dessas grandes universidades em que as demissões podem chegar a mais de 30% de todo o corpo docente. Os professores começaram a ser avisados do seu desligamento na noite do dia 30 de junho, após um pronunciamento do reitor da instituição, Luiz Henrique Amaral.
“A Unicsul é mais um exemplo de demissão massiva decorrente de uma reestruturação, sustentada no enxugamento da folha de pagamentos e dos serviços e aumento das margens de lucro, em detrimento da qualidade de ensino”, denuncia nota do SinproSP.
A UNB (União Bandeirante de Educação), que tem como proprietário o ex-dono da Uniban, também demitiu cerca de 40 professores na última semana. Eles denunciam que não receberam os salários dos meses em que deram aulas de forma remota.
“Só recebi um mês deste semestre e fui demitido. O reitor fez uma reunião e disse que não reconhecia as aulas online e, por isso, não pagaria”, conta um professor.
O presidente do Sindicato das Mantenedoras do Estado de São Paulo (SEMESP) tentou justificar que as empresas podem ter demitido mais do que a necessidade por uma “preocupação”.
“As instituições queriam esperar o início do segundo semestre para ver quantos novos alunos ingressariam, quantos iriam trancar os cursos. Como não foi possível, elas fizeram demissões em larga escala, demitiram mais por precaução já que depois não teriam margem de manobra”, diz.
Na Anhembi-Morumbi, o Sindicato conseguiu negociar suspensão de contrato, garantindo emprego até novembro e pagamento salarial até 18 de janeiro.