
Os professores da rede estadual de São Paulo decidiram, em assembleia realizada na quinta-feira (21), entrar em greve a partir de abril. A paralisação foi aprovada pela categoria após meses de negociações infrutíferas com o governo do estado sobre reajustes salariais, melhores condições de trabalho e o cumprimento de acordos anteriores.
A decisão foi tomada em assembleia na Praça da República, no centro da capital, convocada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Na mesma data da paralisação, a categoria realizará uma nova reunião para decidir sobre uma possível greve por tempo indeterminado.
A greve foi aprovada por ampla maioria durante a assembleia organizada pelos sindicatos representativos da categoria. Segundo a Apeoesp, cerca de 5 mil profissionais da educação participaram do ato.
Entre as principais reivindicações estão o reajuste salarial acima da inflação, a redução do número de alunos por sala de aula, a garantia de planos de carreira e o pagamento de horas extras e adicionais que estão em atraso.
A segunda presidente da Apeoesp, deputada estadual Professora Bebel (PT), criticou a falta de diálogo e destacou problemas como salas superlotadas, fechamento de turmas e o não cumprimento do piso salarial.
“A realidade em sala de aula é insustentável. O governo desrespeita o piso salarial, fecha salas de aula, não contrata os professores que passaram no concurso e desperdiça recursos públicos com contratações temporárias. Nossos estudantes e professores sofrem com classes superlotadas e um ambiente de trabalho cada vez mais precário. O assédio moral também chegou ao limite do insuportável. A professora Analu Cerozzi, de Diadema, sofreu um infarto em plena atividade pedagógica, quando se queixava do excesso de cobranças e veio a falecer”, afirmou Bebel.
Os professores também destacam a precariedade das condições de trabalho nas escolas estaduais, com falta de infraestrutura adequada, materiais pedagógicos insuficientes e sobrecarga de atividades. “Não podemos mais aceitar promessas vazias. A educação precisa ser prioridade, e isso passa pela valorização dos profissionais que estão diariamente nas salas de aula”, afirmou uma professora durante a assembleia.
A decisão dos professores ocorre em um momento de crescente mobilização de categorias do serviço público em todo o país, que reivindicam melhores condições de trabalho e o reajuste de salários após anos de congelamentos e perdas inflacionárias.