
“Fora ICE” – esta a sigla sob a qual opera a milícia anti-imigrantes de Trump –, exigiram os manifestantes, que foram às ruas em pelo menos 25 cidades
Os protestos contra as deportações e a gestapo anti-imigrantes de Trump, que já duram cinco dias em Los Angeles, se espalharam pelos Estados Unidos, com manifestações em Nova Iorque, Chicago, Atlanta, Boston, Filadélfia, Dallas, Washington e outras cidades, enquanto o deportador-em-chefe aumentava sua força de intimidação para 4.000 soldados da Guarda Nacional e 700 marines e o total de presos já está ultrapassa as centenas.
“Fora ICE” – esta a sigla sob a qual opera a milícia anti-imigrantes de Trump –, exigiram os manifestantes, que foram às ruas em pelo menos 25 cidades, segundo a NBC News, como São Francisco, San Diego, Chicago, Las Vegas, Dallas, Atlanta, Austin, San Antonio, Phoenix, Portland, Boston, Filadéfia, Denver, Charlotte, Filadélfia, Washington e Nova York.
Na cidade de Nova York, milhares de manifestantes se reuniram na noite de terça-feira para um comício na Foley Square, na parte baixa de Manhattan, saindo em marcha até o Tribunal de Imigração dos EUA na Varick Street, gritando cânticos em defesa dos direitos dos imigrantes e contra Trump. Nas últimas três semanas, agentes do ICE sequestraram centenas de imigrantes em ambos os locais após audiências judiciais e check-ins de rotina.
“Estamos todos aqui hoje porque, como eu, você está vendo suas comunidades desaparecerem”, disse ao People Dispatch Cathy Rojas, professora de escola pública no Queens. “Nossas comunidades estão sendo sequestradas e desaparecidas. E eu não uso a palavra sequestro levianamente. Eu uso isso com um ponto, porque as pessoas não estão sendo presas, quando todos os seus direitos constitucionais estão sendo violados, quando todas as leis estão sendo violadas.”
“Quando eles são colocados em campos de concentração. Quando são colocados em centros de detenção que violam seus direitos humanos, estão sendo sequestrados. Eles não estão sendo presos”, ela completou.
Na véspera, o protesto havia sido diante da Trump Tower, em Manhattan, instando autoridades da Casa Branca a trazerem de volta os deportados enviados para a prisão do ditador Bukele em El Salvador. “Exigimos que o governo traga todos da CECOT de volta aos Estados Unidos, os liberte da custódia do ICE, os devolva às suas casas e famílias e lhes permita comparecer ao tribunal”, disseram os organizadores.
Em Chicago, dezenas de milhares – a maioria jovens – marcharam no centro da cidade, com cartazes com os dizeres”ICE fora de Chicago”, em repúdio ao sequestro de imigrantes pela milícia de Trump, o envio de forças policiais e militares contra manifestantes em Los Angeles e, ainda, o genocídio em Gaza.
“O povo unido defenderá as famílias migrantes”, afirmava uma faixa no protesto. A marcha foi provavelmente a maior em Chicago desde a posse de Trump em 2017.
Em Atlanta, Geórgia, centenas também se reuniram pacificamente em defesa dos imigrantes e dos direitos democráticos de todos, empunhando cartazes como “sem imigrantes não haveria EUA” e “os criminosos estão na Casa Branca”.
Na noite de segunda-feira, centenas de manifestantes se reuniram em Dallas para protestar contra a repressão e a caçada aos imigrantes e denunciar o envio da Guarda Nacional à segunda maior cidade dos EUA.
“Temos o direito de nos manifestar contra as políticas brutais, racistas e antitrabalhadores do governo Trump”, escreveram os organizadores em um comunicado online. “Dallas não ficará de braços cruzados enquanto as pessoas são punidas por se oporem à desumanidade do ICE!”
Manifestantes também denunciaram a prisão do líder sindical David Huerta, que tentou orientar em Los Angeles os trabalhadores assediados pela patrulha da fronteira. Em Austin, manifestantes se reuniram na escadaria sul do Capitólio do Estado do Texas, para denunciar as batidas policiais contra imigrantes, e 12 acabaram presos.
Em Omaha, Nebraska, centenas de pessoas se reuniram para protestar contra as batidas do ICE realizadas em quatro frigoríficos no início do dia. A agência inicialmente alegou que havia levado 97 trabalhadores para “triagem adicional” e pelo menos 70 foram vistos sendo carregados em um ônibus branco da prisão de imigração. Os manifestantes em Omaha agitavam bandeiras mexicanas e americanas e carregavam cartazes com os dizeres: “Abolir o ICE” e “A separação familiar deve acabar”.
“SEQUESTROS”
O governador da Califórnia, Gavin Newson, afirmou que os protestos em Los Angeles foram desencadeados por batidas sem precedentes da polícia migratória, nas quais agentes federais “saltaram de vans sem identificação” do lado de fora da Home Depot para deter pessoas. O governador acrescentou que “uma cidadã americana grávida de nove meses foi presa, uma menina de quatro anos foi sequestrada, famílias foram separadas e amigos literalmente desapareceram”.
Nesta quinta-feira, um tribunal irá apreciar o pedido do governador Gavin Newson contra o envio da Guarda Nacional à revelia do Estado, o que ocorrera, na última vez, em 1965, para coibir um governador segregacionista que tentava impedir o fim do apartheid em seu estado, Alabama.
“A situação estava se acalmando e se concentrando em apenas alguns quarteirões no centro da cidade, mas não era isso que Donald Trump queria”, disse Newsom. “Ele escolheu a escalada, escolheu mais força, escolheu o teatro em vez da segurança pública.”
Newsom disse que Trump requisitou tropas da Guarda Nacional para as ruas de Los Angeles “ilegalmente e sem motivo” e à revelia do estado. “Este abuso descarado de poder por um presidente em exercício inflamou uma situação inflamável”, explicou Newsom.
Newson advertiu que “a Califórnia pode ser a primeira, mas claramente não terminará aqui; outros estados são os próximos, a democracia é a próxima”. Ainda segundo o governador, “este momento que temíamos chegou. O Estado de Direito tem cada vez mais dado lugar ao governo de Don.”
Apesar de denunciar as investidas da milícia anti-imigração e a implantação, por Trump, da Guarda Nacional em Los Angeles, a prefeita Karen Bass anunciou um toque de recolher entre 20h e 6 h da manhã do dia seguinte.
Pouco antes, Trump, pela sua rede social, haveria asseverado que, não fosse pela invasão que está promovendo em L.A. a cidade já estaria “queimando”.
No sábado (14), quando Trump realizará em Washington uma parada militar para comemorar os 250 anos do exército norte-americano e seu próprio aniversário de 79 anos, manifestações “No Kings” [Sem Reis] estão previstas para centenas de cidades norte-americanas.