
Enquanto uma onda de calor atingia neste sábado (30) a maior parte dos Estados Unidos, manifestantes enfrentaram um sol escaldante para repudiar a política do presidente Trump de separar as famílias de imigrantes indocumentados. Mais de 700 manifestações em defesa das famílias separadas pelo governo foram realizadas de costa a costa.
Na capital Washington, os manifestantes se reuniram na Praça Lafayette, perto da Casa Branca. Organizada pela MoveOn, pela União Americana de Liberdades Civis e dezenas de outros grupos, a Marcha “Famílias Devem Ficar Juntas” teve entre seus principais oradores, Lin-Manuel Miranda, Alicia Keys e America Ferrera.
“Estamos aqui hoje porque há muitos pais que não podem cantar para seus filhos dormir hoje à noite”, disse Lin-Manuel Miranda à multidão em apoio a mais de 2 mil crianças apartadas de suas famílias pela “tolerância zero” de Trump contra os imigrantes.
“Estes pais não podem cantar canções de ninar para seus filhos, então vou cantar uma canção de ninar que escrevi”, afirmou Lin-Manuel Miranda, ator, cantor, compositor e escritor norte-americano, de origem porto-riquenha, mais conhecido por ter escrito e estrelado os musicais “Hamilton” e “In The Heigts”. Miranda cantou à capela “Dear Theodosia”, ode musical aos jovens filhos de Alexander Hamilton. A multidão cantou junto e foi um dos pontos altos do evento em Washington.
Em Nova York os protestos também foram grandes, assim como em Los Angeles, Dallas, Denver, Chicago, Boston e outras cidades. Atos menores foram realizados em instalações federais no Texas e em frente ao clube de Trump em Nova Jersey.
“Este é um momento de todos se juntarem e parar essa loucura”, disse um dos organizadores dos protestos, Ai-jen Poo em declaração ao jornal inglês The Guardian. “Não é uma coisa vermelha ou azul [ de democratas ou republicanos] … o que você está vendo é a recusa absoluta de aceitar as políticas desta administração”.
Em uma tentativa de deter o fluxo de migrantes na fronteira Sul dos Estados Unidos, Trump ordenou em maio a prisão dos adultos que entram no país de modo ilegal, incluindo aqueles que solicitam asilo. Muitos dos que tentam atravessar a fronteira entre EUA e México são pessoas pobres que fogem das violência das gangues e de outros problemas, como desemprego e baixos salários, na América Central.
Na semana passada, diante de forte pressão nos EUA e em todo o mundo, Trump assinou uma ordem para acabar com a separação das famílias, mas advogados especializados em imigração dizem que o processo de reunião será longo e caótico.