Na quarta-feira, as autoridades norte-coreanas advertiram que a cúpula entre o líder Kim Jong Un e Donald Trump, marcada para o próximo dia 12 de junho, está sob risco em razão dos exercícios de ataque aéreo “Max Thunder” em andamento no sul e da provocação sobre “desnuclearização ao estilo da Líbia”.
Conforme o relato da agência KCNA, do Norte, os exercícios aéreos ‘Max Thunder’ [Trovão Máximo] são “uma provocação que vai contra a tendência de restabelecimento de laços” intercoreanos. “Este exercício, que nos tem como alvo e que está sendo realizado por toda a Coreia do Sul, é uma flagrante violação da Declaração de Panmunjon e uma provocação militar intencional contrária ao desenvolvimento político positivo na península coreana” (decidido na cúpula Sul-Norte de 27 de abril).
Assim, acrescenta a nota, Pyongyang não tem escolha a não ser “suspender conversações de alto nível entre o Norte e o Sul em meio a essa situação ameaçadora” que estava marcada para esta quinta-feira (17).
Citando o vice-chanceler da Coreia Popular, Kim Kye Gwan, a KCNA registrou também que o futuro da cúpula EUA-Coreia Popular, bem como das relações bilaterais, “ficará às claras”, se Washington continuar falando de uma desnuclearização do Norte “ao estilo da Líbia”.
“Se os EUA estão tentando nos enfiar num canto para forçar nosso abandono nuclear unilateral, nós não estaremos mais interessados em tal diálogo e não poderemos senão reconsiderar no compromisso com a cúpula RDPC-EUA” (a sigla RPDC designa oficialmente a Coreia Popular).
“Nós já declaramos nossa intenção de desnuclearização da península coreana e deixamos claro em várias ocasiões que a pré-condição para a desnuclearização é por fim à política hostil anti-RPDC e às chantagens e ameaças nucleares dos EUA”, completou o vice-chanceler.
A exigência despudorada de uma “desnuclearização ao estilo da Líbia” foi feita pelo traficante de guerra e atual “conselheiro de segurança nacional” da Casa Branca, John Bolton. Declaração que foi considerada até por analistas da mídia imperial como uma tentativa de sabotagem da cúpula Kim-Trump. A Líbia, como se sabe, foi destruída, após ter assinado com os EUA acordo de encerramento de seu incipiente programa nuclear militar, e seu líder, Muamar Kadhafi, foi assassinado. Também é visível que, na véspera de uma cúpula que visa o acordo, trazer para um exercício aéreo bombardeiros estratégicos B-52, que só servem para ataque nuclear ou para arrasar tudo embaixo, só poderia ser percebido como ameaça ou estupidez crassa.