Fazem lobby para que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, mude o seu voto a favor da prisão em segunda instância
Uma aliança espúria entre PT, Temer e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), formou-se para tentar derrubar a prisão após condenação em segunda instância (segundo grau) . O PT quer soltar Lula da prisão e Temer vê o cerco se fechar com a Justiça fustigando seus cúmplices, como o advogado e ex-assessor José Yunes e João Batista Lima Filho.
A principal frente de ação do triunvirato anti-Lava Jato é pressionar o ministro Alexandre de Moraes, nomeado por Temer para o STF, a mudar seu voto favorável à execução da pena após a condenação em duas instâncias diferentes.
De acordo com reportagem do jornal “Estado de S. Paulo”, na quarta-feira (11), o presidente do PT-SP, Luiz Marinho, pré-candidato ao governo paulista, e o ex-ministro Gilberto Carvalho – ambos do círculo mais próximo a Lula – estiveram com os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes para falar sobre o julgamento das ações que tratam do tema no Supremo.
Gilberto Carvalho já tinha estado no Planalto antes do julgamento do habeas corpus de Lula. Conforme assessores de Temer, o auxiliar de Lula disse ter ido visitar uma amiga, mas acabou se encontrando com Temer. O teor da conversa não foi revelado, mas para “bom entendedor, meia palavra basta”.
As conversas entre PT e Planalto começaram há algumas semanas, antes do STF negar habeas corpus para Luiz Inácio lula da Silva, informa a reportagem, mas foram intensificadas depois da prisão do petista, condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Porto Alegre, a 12 anos e 1 mês.
Luiz Marinho confessou que conversa com o Planalto e com Gilmar Mendes com vista a barrar a prisão após a segunda instância. “Queremos que as ações sejam julgadas”. E um interlocutor de Gilmar Mendes disse que o assunto com os petistas é um só: “soltar Lula e dialogar”.
Gilmar Mendes virou o voto e agora é favorável à prisão apenas após o trânsito em julgado, isto é, quando todos os recursos forem esgotados. Na terça-feira (10), ele almoçou com Temer e no almoço, segundo o Estadão, o ministro brincou que ele deveria convidar Moraes para o Ministério da Defesa, o que o tiraria da Corte. Na avaliação de pessoas que estiveram recentemente com Temer, o presidente tem demonstrado arrependimento com a escolha.
Os afagos entre Temer e o PT vieram a público dias antes da prisão e Lula. A reportagem lembra que Lula em entrevista declarou: “Sejamos francos: o que tentaram fazer com Temer… A sordidez da mentira inventada, a troco de conseguir mais um mandato para (Rodrigo) Janot e de levar o atual presidente da Câmara a ser presidente da República foi uma coisa sórdida. E ali sou obrigado a reconhecer historicamente que o Temer soube se impor”, disse Lula em entrevista para o livro A verdade vencerá, lançado uma semana antes da prisão dos amigos de Temer.
Já Temer, quando seus comparsas Yunes e Batista Lima Filho foram presos, em nota do Planalto no dia 29 de março, disse: “No Brasil do século XXI, alguns querem impedir candidatura. Busca-se impedir ao povo a livre escolha. Reinterpreta-se a Constituição, as leis e os decretos ao sabor do momento. Vê-se crimes em atos de absoluto respeito às leis e total obediência aos princípios democráticos”.
Em suma, trata-se de abraços de naufragados.
Em outra frente, parlamentares petistas tentam convencer seus colegas a se posicionarem contra a prisão após condenação na segunda instância com o angelical argumento de que, após Lula, a Lava Jato vai para cima de outros partidos.
É o acordão mais vergonhoso da história do país, para deixar os corruptos livres e continuarem suas carreiras de delitos.
Com todas as pressões, os políticos admitem que é impossível fazer Moraes voltar atrás. Um tucano relatou que tentou falar com ele sobre a situação de dois deputados do partido, mas não conseguiu nem iniciar a frase, segundo a matéria do Estadão.
A reportagem do jornal procurou Moraes na quinta-feira, 12. Ele justificou a audiência com os petistas alegando que suas agendas “são todas públicas”. “Se a gente recebe (no gabinete) quem entrou com a ação, para mim não tem problema nenhum receber o outro lado. Eles também têm o direito”, disse. Questionado se se sente pressionado, ironizou: “Demais, demais. Fico assim, eu acho que vou até mudar o voto agora…”