
Mesmo com todos os países do mundo tomando medidas – algumas bem radicais – para proteger suas populações contra o Covid-19, que já matou mas de 100 mil pessoas no mundo, Jair Bolsonaro voltou a insistir criminosamente na ideia fixa e genocida de abolir as orientações de proteção contra o coronavírus colocadas em prática no Brasil por governadores e prefeitos.
Para o presidente, pouco importa que já tenham morrido mais de mil brasileiros. “Vai morrer gente, mas, paciência, é assim mesmo”, disse ele há alguns dias.
O insano – como diz a revista The Economist – voltou a defender “a volta à normalidade”, através de um vídeo, divulgado neste sábado (11), pelo twitter. “Normalidade” para Bolsonaro é a população voltar ao trabalho e se expor amplamente às consequências da infecção pelo coronavírus.
Ele fez isso requentando um discurso seu, de duas semanas atrás, proferido na porta do Palácio da Alvorada. Na ocasião ele defendia enfaticamente que a população desrespeitasse as orientações das autoridades sanitárias e saísse de casa para voltar ao trabalho. Disse que, se isso – que ele chama de volta à normalidade – não ocorresse imediatamente, “será o caos na economia”.
Assista ao vídeo
Sem dar a menor importância ao número de vítimas que já morreram no Brasil pelo coronavírus, Bolsonaro diz, no título do vídeo, que ele teria avisado “há duas semanas” do que ia acontecer “caso se preocupassem só com um problema”.
O incrível é que ele não estava se referindo ao problema do número de mortos. Não é isso o que preocupa Jair Messias Bolsonaro. “Se morrer, morreu, é assim mesmo”, defendeu.
O “problema” para ele seria a paralisia nas atividades econômicas. Só que, mesmo tentando jogar a culpa nos outros, esse problema, da paralisia da economia, é de responsabilidade exclusiva do governo federal. As medidas contra ela são do Planalto e de mais ninguém.
Os governos do mundo inteiro abriram os cofres para garantir rendas a quem tinha que fazer quarentena e impedir a paralisia total das atividades econômicas. Liberaram trilhões de dólares (EUA, Japão e União Europeia) para salvar suas economias diante da pandemia, mas Bolsonaro resistiu e resiste até agora a fazer o mesmo no Brasil.
Prefere dizer, como fez no vídeo deste sábado, que a culpa pela crise é dos médicos, dos cientistas, da OMS, do Ministério da Saúde e dos governadores que aconselham a quarentena.
Ele e Guedes literalmente sentaram em cima do dinheiro que havia sido liberado pelo Congresso Nacional para enfrentar a crise. Demoraram o quanto puderam para garantir a renda mínima aos informais e autônomos, ajudaram rapidamente os bancos e regatearam a liberação dos recursos para empresas produtivas pagarem salários durante a quarentena.
Até hoje Bolsonaro não liberou os recursos emergenciais para estados e municípios. Ou seja, Bolsonaro sabotou de todas as formas possíveis o enfrentamento da crise econômica. Uma crise que atinge o Brasil, assim como todo o resto do mundo.
Isolado e desmoralizado, recebendo vaias e panelaços nas ruas por suas posições irresponsáveis, Bolsonaro divulgou esse vídeo para tentar tirar o corpo fora da crise e jogar a culpa do caos em governadores e prefeitos.
Fez isso desdenhando a gravidade da epidemia.
Como um lunático, segue dizendo que é uma gripezinha. Chegou, inclusive, nos últimos dias a sair para as ruas e instigar a população a fazer o mesmo. Ou seja, Bolsoanro divulgou esse vídeo para reafirmar todos os absurdos que tem dito sobre a Covid-19 e afirmar que os problemas da economia são provocados pelos governadores e prefeitos que protegeram suas populações.