
Élcio Vieira de Queiroz, o motorista que dirigia o Cobalt, de onde o pistoleiro Ronnie Lessa deu as rajadas de metralhadora que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, disse, em depoimento à justiça, na quinta-feira (12), que as duas pistolas e mais de cem munições encontradas em sua casa foram compradas quando ele era policial.
As armas usadas no crime, segundo testemunhas, foram atiradas ao mar e até hoje não foram encontradas.

Algumas horas antes do assassinato da vereadora, Queiroz esteve no Condomínio “Vivendas da Barra”, onde morava Ronnie Lessa e, por coincidência, onde moravam também Jair Bolsonaro e Carlos Bolsonaro. Em sua chegada ao condomínio, Queiroz teria solicitado permissão para ir à casa de Ronnie Lessa.
Um dos porteiros anotou no livro de controle da portaria que ele pediu para ir na casa de Jair Bolsonaro. O funcionário chegou a dizer, em dois depoimentos, que foram mudados depois, que Queiroz pediu para ir na casa do “seu Jair”. Naquele dia, o então deputado federal estava em Brasília. Apenas Carlos, vereador, filho do presidente, se encontrava no condomínio.
Sobre as oito munições de fuzil encontradas embaladas dentro de seu carro, o ex-policial e pistoleiro profissional inventou uma história tão cínica quanto ridícula. Afirmou que as teria encontrado na noite anterior à da sua prisão, em um canteiro em frente à sua casa.
Disse que ficou preocupado com a segurança dos moradores, que poderiam detoná-las por acidente. Então ele as teria guardado em seu carro para entregá-las em alguma delegacia no dia seguinte. Só que quando ele foi abordado pelos investigadores, disse que eram suas.
Durante as investigações do assassinato de Marielle Franco, foram encontradas na casa de um comparsa de Ronnie Lessa, Alexandre Mota de Souza, que mora no Méier, Zona Norte do Rio, pacotes contendo 117 fuzis do tipo M-16. As armas, todas novas, estavam desmontadas em caixas em um guarda-roupas. O valor do armamento é tão alto que ainda não pode ser calculado.

O pistoleiro profissional – chegado de Fabrício Queiroz, faz tudo de Flávio – era ligado ao Escritório do Crime, um espécie de central de assassinatos por encomenda das milícias do Rio, e tinha como chefe, o miliciano Adriano Nóbrega, também ex-policial, que foi homenageado duas vezes por Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio e por quem Jair Bolsonaro discursou da tribuna da Câmara Federal.
A mãe e a ex-mulher de Adriano eram funcionárias fantasmas do gabinete de Flávio Bolsonaro. Recentemente Adriano Nóbrega foi morto na Bahia, numa operação característica de queima de arquivo.