
Empresário Guilherme Leal assinou o manifesto intitulado “Eleições serão respeitadas”, que afirma que “A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias”
Questionar a realização de eleições é “totalmente inaceitável”, posicionou-se o empresário Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura e presidente do Conselho de Administração da empresa, diante das recentes ameaças de Jair Bolsonaro contra a realização das eleições em 2022, se não for pela via do voto impresso.
Leal é um dos signatários do manifesto de empresários e intelectuais em apoio ao sistema eleitoral, divulgado no início desta semana. Em entrevista para o Globo, o presidente do grupo Natura justificou que a sua atuação se alinha com a necessidade de posicionamento e mobilização em defesa da democracia. “Não se discute eleição. Cumpre-se o que está na legislação”, disse.
“A sociedade precisa se manifestar de forma enfática para defender o Estado democrático de direito. Nós temos crises, muitas crises. Mas a democracia está no centro dessas crises. Ainda mais quando as lideranças políticas, as lideranças de poder, começam a questionar a existência de eleições, que é o pilar central da democracia. Isso é totalmente inaceitável”.
“O sinal está dado”
Para Leal, a articulação entre empresários em defesa das eleições e a manifestação pública contra os recentes movimentos de Bolsonaro para implodir o pleito de 2022 deve aumentar o “apetite para defender a democracia”.
“E neste momento onde se agudizou essa confrontação entre poderes, entendeu-se que seria importante uma manifestação. Uma explicitação dos compromissos que essas lideranças sociais, empresariais, políticas, acadêmicas e culturais têm. E assim surgiu a ideia (do manifesto). Ela já estava sendo considerada há 20 dias, um mês e chegou o momento de colocá-la na rua”.
Sobre a contexto político, o empresário afirma que este é um momento inédito.
“Eu que fui para a rua no movimento das Diretas Já e vivi os tempos escuros da ditadura sei o valor que tem a democracia. Ela não vem de graça e precisa ser resguardada. Mas ela vem explicitamente sendo colocada em dúvida. Toda hora se fala de ‘dentro e fora de linhas’”. “Isso é uma ameaça que a sociedade não pode aceitar e precisa se manifestar com clareza”.