Esperava-se que todos os candidatos assinassem uma carta compromisso com a democracia e com o processo eleitoral brasileiro. A recusa do ex-capitão resulta da insistência do psicopata em tumultuar as eleições e atesta também o seu profundo isolamento político
Jair Bolsonaro (PL) cancelou a ida à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), prevista para o próximo dia 11 de agosto. A entidade havia programado uma série de encontros com candidatos e Bolsonaro sugeriu o dia 11 para tentar se contrapor ao ato pela democracia marcado para este dia na Faculdade de Direito da USP.
A Fiesp, que já tem mais de 100 entidades assinando o seu manifesto pela democracia, tem realizado debates com os candidatos à presidência para entregar as diretrizes propostas pelo setor industrial para o País e ouvir os planos de governo de cada presidenciável. A entidade também esperava que os candidatos assinassem uma carta compromisso com a democracia e com o processo eleitoral brasileiro elaborada pela entidade.
O cancelamento da ida de Bolsonaro à Fiesp e, por conseguinte, a sua recusa em assinar essa carta compromisso, além de atestar o seu isolamento político, é mais uma comprovação de que ele não tem nenhum respeito e nem compromisso com a democracia e apenas segue seus intentos de tumultuar as eleições presidenciais de outubro.
A entidade empresarial já sabatinou a candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, e vai debater temas de interesse do setor com o maior rival de Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na próxima terça-feira.
Os empresários paulistas se somaram ao grande movimento da sociedade brasileira contra o golpe e recolhem assinaturas para o documento em meio aos ataques sem provas do chefe do Executivo ao sistema eleitoral brasileiro. Este movimento cresceu depois que Bolsonaro reuniu embaixadores de dezenas de países no Palácio da Alvorada para a atacar a democracia brasileira e pregar o golpe. A entidade presidida por Josué Gomes pretendia que todos os candidatos assinassem a carta pela democracia.
Nesta terça-feira (3), em entrevista, Bolsonaro rejeitou tornar-se signatário e atacou os mais de 700 mil brasileiros que já assinaram o documento. “Essa carta é política. Vocês todos sentiram um pouco do que é ditadura [na pandemia] e nenhum daqueles que assinam cartinhas por aí se manifestaram naquele momento”, declarou. “São todos sem caráter e cara de pau”, acrescentou, insistindo que não precisa comprovar nada. “Comprovo que sou democrata pelo que fiz”, finalizou.
Tudo o que Bolsonaro fez até agora, desde que assumiu o governo, foi atacar as instituições, agredir ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores e integrantes do Congresso Nacional, estimular a violência política e preparar o clima para uma ruptura democrática no país. Macaqueia sistematicamente o seu guru, Donald Trump, que, ao ser derrotado nas eleições de 2020, insuflou uma criminosa invasão do Capitólio, que redundou em uma CPI e um processo criminal contra o ex-presidente pela tentativa de golpe e a morte de cinco pessoas.
Nesta mesma data do dia 11 de agosto, um grande ato está marcado na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, no Largo de São Francisco, durante a manhã. Juristas, empresários, banqueiros, ex-ministros do Supremo Tribunal Federal e representantes de diversas entidades da sociedade civil planejam se reunir para um evento de resposta aos ataques de Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Será lida no evento a carta pela democracia. Na mesma data os estudantes comemoram o Dia do Estudante e se somarão às manifestações em defesa da democracia.