“A Rússia não esquecerá nem perdoará a recusa de emitir vistos para jornalistas russos comparecerem ao Conselho de Segurança da ONU”, disse neste domingo (23) Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia.
O ministro da Rússia se referiu à proibição de entrada de jornalistas da Rússia nos Estados Unidos, quando os repórteres o acompanhariam para cobrir o evento da ONU sobre o fortalecimento do multilateralismo, que aconteceu em Nova York, a partir desta segunda-feira (24), afirmando que a medida mostra a hipocrisia do país
“Eu certamente entendia que nossos colegas americanos são famosos por este tipo de coisa, mas estava certo de que, pelo menos desta vez, levando em conta a atenção que seu péssimo comportamento tem suscitado, tudo seria diferente. Mas estava errado”, disse o diplomata em vídeo. Ele disse que o país, que se autodenomina o mais forte, mais inteligente, mais livre e mais justo, se acovardou.
“Basicamente, fez uma coisa estúpida e mostrou o que suas garantias juramentadas sobre a proteção da liberdade de expressão, acesso à informação e assim por diante realmente valem”, advertiu Lavrov.
WASHINGTON DESRESPEITA ONU, DIZ LAVROV
Na reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre multilateralismo, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que a minoria ocidental hegemonista deveria respeitar os outros membros da comunidade mundial.
“Vamos ser diretos: ninguém permitiu que a minoria ocidental falasse em nome de toda a humanidade”, alertou o chanceler, “temos que nos comportar decentemente e respeitar todos os membros da comunidade internacional”, sublinhou.
Segundo Lavrov, os EUA escolheram o caminho de destruição da globalização.
“Em uma tentativa desesperada de afirmar seu domínio através da punição dos ‘desobedientes’, os EUA têm se empenhado em destruir a globalização, que durante anos exaltaram como um bem supremo de toda a humanidade, que serviria ao sistema multilateral da economia mundial”, apontou.
“Fazem tudo isso dentro dos muros da ONU, que foi criada para evitar os horrores da guerra. As vozes de forças responsáveis e sensatas, os apelos por sabedoria política e o renascimento de uma cultura de diálogo estão sendo abafados por aqueles que escolheram minar os princípios fundamentais da comunicação interestatal”, notou ele, instando ao “retorno às raízes, com respeito aos propósitos e princípios da Carta da ONU em toda a sua diversidade e interconexão”.
DISCORDANTES ENTRAM EM LISTA NEGRA CRIADA PELOS EUA
“Washington e o resto do Ocidente que se lhe submete invocam suas ‘regras’ sempre que precisam justificar movimentos ilegítimos contra aqueles que traçam suas políticas de acordo com o direito internacional e se recusam a seguir os interesses egoístas do ‘bilhão de ouro'”, denunciou, em referência aos governos dos países que se tornaram os mais ricos através da pilhagem e da colonização.
“Os discordantes ficam na lista negra de acordo com o ditame: quem não está conosco está contra nós”, alertou o alto responsável.
O ministro das Relações Exteriores vê o destacamento de forças significativas de Washington e aliados para a região Ásia-Pacífico como outro ataque ao multilateralismo.
“Os EUA e seus aliados estão agora empregando forças consideráveis para minar o multilateralismo na região Ásia-Pacífico, onde um sistema aberto e bem-sucedido de cooperação econômica e de segurança foi desenvolvido por décadas em torno da ASEAN”, mencionou Lavrov, falando sobre a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês), integrada por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.
O chanceler assinalou que esse sistema de cooperação permitiu abordagens consensuais que se adéquam tanto aos dez membros da ASEAN quanto a seus parceiros de diálogo, incluindo a Rússia, China, EUA, Índia, Japão, Austrália e Coreia do Sul, garantindo um verdadeiro multilateralismo inclusivo.
“Ao apresentar sua estratégia do Indo-Pacífico”, articulação composta por Japão, Índia, Estados Unidos e Austrália, “Washington escolheu romper essa arquitetura de consenso estabelecida”, destacou o ministro das Relações Exteriores russo.