Rede vai ao STF contra exclusão de entidades no conselho do Fundo do Meio Ambiente

Sociedade civil está fora do conselho do Fundo Nacional do Meio Ambiente. Agora, só órgãos governamentais participam. Foto: Reprodução - Divulgação

A  Rede Sustentabilidade ingressou sexta-feira (7) com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de medida cautelar, contra o decreto de Bolsonaro que excluiu a sociedade civil (as entidades) do conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). 

O fundo é administrado pelo Ministério do Meio Ambiente, sendo responsável pelo fomento ao desenvolvimento de atividades sustentáveis no país, distribuindo verbas arrecadadas nas concessões florestais. Para este ano, o orçamento previsto é de R$ 33 milhões. 

O partido destaca na ação que é “notório o esfacelamento socioambiental” desencadeado pelo governo federal desde o início de 2019, que atinge gravemente a estrutura e o funcionamento do sistema federal de meio ambiente.

“No plano legal, observa-se a destruição dos marcos regulatórios; as instituições ambientais estão sendo profundamente enfraquecidas e suas funções precípuas desvirtuadas. Em relação ao modo de gerir as políticas públicas, verifica-se o fim da transparência e da participação social, além do abandono de políticas ambientais essenciais ao país. Constata-se, ainda, a desconstrução da cultura institucional, o isolamento dos órgãos e a destruição dos legados das administrações anteriores”, diz o texto.

De acordo com o decreto de Bolsonaro, o FNMA passaria a ter em sua composição o ministro do Meio Ambiente (presidente) e representantes da Casa Civil, do Ministério da Economia, do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição na Casa, é preciso estancar o desmonte que o atual governo está fazendo com nosso meio ambiente. “Sabemos que o governo nunca se preocupou com a pauta do meio ambiente e que trabalha para destruir nosso patrimônio natural, como a Amazônia. Mas, dessa vez, Bolsonaro foi longe”, afirmou.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES), que assina a ADPF como advogado, é inaceitável que o governo continue reduzindo a importância dos conselhos e transformando-os em meros espaços para homologar as suas determinações. 

O deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, protocolou na casa um projeto de decreto legislativo pedindo a suspensão do decreto. Iniciativa semelhante já tinha sido adotada pela líder da Minoria na Casa, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Agostinho destacou que o FNMA é o mais antigo fundo ambiental da América Latina e já apoiou 1.446 projetos socioambientais com recursos da ordem de R$ 270 milhões. “Em relação às questões orçamentárias, mais de R$ 50 milhões foram orçados (2019) e  R$ 289 mil foram aplicados na administração do fundo. No entanto, nada foi aplicado em projetos, e mais de R$ 49 milhões foram para a reserva de contingência. Em 2018, dos mais de R$ 20 milhões orçados, o fundo não direcionou recursos para projetos de desenvolvimento sustentável”, informa o projeto, para justificar a necessidade da manutenção do controle social do fundo.

No ano passado, o governo já tinha reduzido a participação das entidades de 22 para apenas 4 vagas.

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