Depois de quase trinta dias do fim da greve dos caminhoneiros, o governo ainda não cumpriu o acordo assinado com a categoria, o qual possibilitou o fim da greve. A principal reivindicação dos rodoviários – a redução no preço do Diesel – não atingiu o valor prometido pelo Planalto, de R$ 0,46.
Com o acordo, o governo federal publicou três medidas provisórias (MPs) para atender às reivindicações dos caminhoneiros, dentre elas a redução dos preços do Diesel em R$ 0,46 nas bombas, direto para o consumidor.
No entanto, segundo o último levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do dia 16, o Diesel teve redução de R$ 0,40. Essa redução foi gradual. Na primeira semana após a greve, o valor do diesel passou de R$ 3,828 para R$ 3,482, queda de R$ 0,35. Na segunda semana, o diesel foi para R$ 3,434 por litro, o que representou queda de mais R$ 0,05.
Vale ressaltar que quando foi editada a MP, a redução deveria entrar em vigor a partir de dia 1º de junho, e duas semanas após essa data, a redução anunciada ainda não foi atingida.
Segundo informações da Petrobrás, a estatal recebia R$ 2,1016 pelo litro do diesel nas refinarias, antes da greve. Em tabela divulgada pela empresa constata-se que houve um abatimento de R$ 0,07 por litro, e desde 1º de junho este valor está em R$ 2,0316 nas refinarias.
O objetivo do governo era a redução de 0,30 centavos nas refinarias. A Petrobrás já tinha reduzido cerca de 23 centavos no dia 24 de maio e baixou mais 7 centavos. Para manter essa redução, o governo decidiu subsidiar a Petrobrás.
Isso acontece porque a política de preços praticada pela Petrobrás não foi alterada. Com os preços do combustível suscetíveis às variações do dólar e do petróleo no mercado internacional – e soma-se a isso a resolução de praticar valores ainda acima dessa margem – o governo teve que fazer esses aportes para manter o preço congelado nas refinarias, ao mesmo tempo em que não consegue garantir a redução nas bombas.
O objetivo dessa política é o de garantir o lucro das importadoras de combustíveis, que segundo estimativa do Ministério da Fazenda, serão beneficiadas com aproximadamente R$ 2,3 bilhões em subsídios, informou a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet). “O valor efetivo será determinado pelo volume de vendas futuro entre importação e produção nacional. Não foi definido um limite máximo de subvenção às importadoras”, afirma.
Além do diesel, também a reivindicação de um piso mínimos no preço dos fretes não está sendo cumprida, uma vez que as transportadoras não estão aplicando os valores estipulados pela ANTT (ver matéria nesta página), o que tem causado revolta entre os caminhoneiros.
ANA CAMPOS