
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, condenou, em entrevista neste fim de semana, a proposta do governo Bolsonaro de reforma da Previdência. “Não há hipótese de nós concordarmos, participarmos ou sermos lenientes com essa proposta nefasta para a sociedade brasileira”, disse Lupi.
Lupi destacou que não há como discutir a previdência sem esclarecer os números que são apresentados. “Tem que ter transparência, tem que ter clareza desses números”, afirmou. “Eu quero saber por que tanta sonegação fiscal, que chega a alguns bilhões de reais por ano? São 50, 100, 200 bilhões de reais de sonegação, de gente que não paga”.
“O Estadão acaba de divulgar que houve 50 bilhões de isenções fiscais em 2018. Aí você soma a isso os 30% da DRU, que são as Desvinculações da Receita da União (DRU). Dinheiro que o governo toma para o Tesouro e que seria direto para a Previdência. Já toma 30% da receita”, acrescentou.
Lupi chamou a atenção para a necessidade do país voltar a crescer e criar empregos como solução para a arecadação da Previdência. “Tem que melhorar o emprego, quanto mais gente empregada, mais contribuição”, argumentou. “Você soma a isso também os 40 milhões de brasileiros que não contribuem para a Previdência. Podíamos ter um regime especial com contribuição menor e melhorar a arrecadação”, sugeriu Lupi.
Para o presidente do PDT, “não é matando a vaca que você resolve a doença que vem do carrapato”. “Nós queremos curar esse processo. Para isso tem que ter transparência, tem que ter clareza desses números, quanto deve, quem deve, por que as isenções, por que as sonegações, por que o dinheiro da DRU não fica na Previdência, esses 30% que o Tesouro corta, e por que não inclui esses 40 milhões que estão excluídos”.
“Depois de ver isso e fazer conta, aí temos que começar a discutir o que vamos fazer com a Previdência. Começando do zero. Pode até ser pensado esse fundo que some ao limite que o trabalhador queira ganhar. Desde que comece agora. Ou seja, marco zero, e a partir de agora, discutir quem quiser 25 anos 30 anos, aí se começa a contar. Para trás não dá para andar, porque é direito adquirido, não tem como discutir”.