
Na última sexta-feira (16), ao saber da possibilidade de ser indiciado, o filho 01 do presidente divulgou nota em que critica o trabalho do relator da CPI
O relatório final da CPI da Covid-19 ainda não foi oficialmente divulgado. Deve sê-lo na terça-feira (19). Mas já é amplamente do conhecimento público que, por exemplo, o presidente Bolsonaro vai ser indiciado por, pelo menos 11 crimes, pela CPI.
Assim, coube ao filho 01 do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) iniciar o “bombardeio” contra a comissão e o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Após o senador Flávio Bolsonaro ter declarado que o relatório final da CPI seria uma “alucinação”, o senador Renan Calheiros decidiu responder a alfinetada. Segundo Renan, os comentários não afetam os trabalhos da comissão e nem a ele.
CLÃ BOLSONARO INTENSIFICA ATAQUES
Depois de quase sete meses de investigação, as críticas ao relator da CPI se intensificaram na última semana por parte do clã Bolsonaro. O motivo é o possível indiciamento dos três filhos políticos do presidente Jair Bolsonaro, além do próprio chefe do Executivo Federal.
O parecer final assinado por Renan Calheiros tem como intenção mostrar que as mais de 600 mil mortes pela Covid-19 não se limitaram a integrantes do governo, mas a toda uma rede próxima ao presidente.
O documento vai ser lido terça-feira (19) e a votação está prevista para quarta-feira (20).
“DECIDIRAM JUDICIALIZAR MINHA POSIÇÃO”
“Desde quando a CPI decidiu me indicar como relator, os filhos do Bolsonaro decidiram judicializar minha posição. As declarações não afetam os trabalhos da CPI e nem a mim. É preciso lembrar que o apoio popular à CPI chegou a bater 78% nas pesquisas do Datafolha”, afirmou Renan em entrevista à jornalista Patricia Calderón, da Jovem Pan News Fortaleza na manhã deste sábado (16).
Renan enumerou as acusações aos filhos do presidente. “Carlos e Eduardo Bolsonaro devem ser indiciados por crimes de fake news. E Flávio Bolsonaro deve ser indiciado pelo crime de fake news e advocacia administrativa”, destacou o relator.
“PEÇA POLÍTICA”
Na última sexta-feira (16), ao saber da possibilidade de ser indiciado, Flávio Bolsonaro divulgou nota em que debocha do trabalho de Renan.
“Essa é uma peça política. Como o Renan [Calheiros] é muito próximo do Lula e do PT, ele já tenta usar isso como instrumento para tentar desgastar o presidente Bolsonaro para 2022″, escreveu o senador.
“Como ele [Renan Calheiros] tem coragem de dizer de genocídio indígena?”, completou.
A CPI deve apresentar um conjunto indiciário de crimes que devem ser imputados ao presidente Jair Bolsonaro. São 11 ao todo:
1) Crime de epidemia com resultado de morte;
2) Crime de infração a medidas sanitárias preventivas;
3) Crime de emprego irregular de verba pública;
4) Crime pela incitação ao crime;
5) Crime de falsificação de documentos particulares;
6) Crime de charlatanismo;
7) Crime de prevaricação;
8) Crime de genocídio de indígenas;
9) Crime contra a humanidade;
10) Crime de responsabilidade; e
11) Crime de homicídio comissivo por omissão no enfrentamento da pandemia.
A SEMANA DA CPI NA RETA FINAL
Vai ser ouvido na manhã de segunda-feira (18), o integrante do CNS (Conselho Nacional de Saúde), Nelson Mussolini; à tarde, vai ser a vez de pessoas que perderam entes queridos para a pandemia. A apresentação do voto do relator Renan Calheiros (MDB-AL) está mantida para terça-feira (19). A votação do relatório final está prevista para quarta-feira (20).
A CPI ainda pretende esclarecer se houve algum tipo de pressão ou interferência do governo na decisão tomada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde) de adiar a análise de estudo sobre o tratamento medicamentoso ambulatorial de pacientes com Covid-19.
Para isso, a comissão chegou a aprovar outros requerimentos relacionados ao assunto. Mas decidiu ouvir somente Nelson Mussolini. O primeiro requerimento aprovado foi para oitiva do médico Carlos Carvalho, responsável por coordenar o estudo.
A presença do médico, no entanto, não era certa; pois, segundo Randolfe, o pneumologista, em contato com a cúpula da CPI, não garantiu que apresentaria à Conitec o relatório retirado da pauta há uma semana.
M. V.