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“Somos informados de novo ataque hediondo a famílias que saem de Rafah a procura de abrigo. Há relatos de baixas [mortes e feridos] em massa, incluindo crianças e mulheres entre os mortos. Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso”, denuncia a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês), na manhã desta segunda-feira (27), denunciando o bombardeio das tropas genocidas de Benjamin Netanyahu na região de Rafah, no sul do enclave palestino. 45 pessoas morreram segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Entre as vítimas há mulheres, crianças e idosos, muitas delas carbonizadas.
Organizações internacionais e autoridades palestinas apontam que os ataques atingiram uma área designada para deslocados pela guerra.
A UNRWA declarou que ainda busca confirmar se o ataque mortal de Israel danificou os edifícios da agência ou matou algum dos seus trabalhadores, disse a porta-voz Juliette Touma.
“Não temos uma linha de comunicação estabelecida com os nossos colegas no terreno. Não podemos confirmar a sua localização e estamos extremamente preocupados com o seu bem-estar e com o bem-estar de todas as pessoas deslocadas que se abrigam nesta área. Nenhum lugar é seguro. Ninguém está seguro”, insistiu.
A agência tem 13 mil funcionários trabalhando em Gaza, a maioria dos quais foram deslocados e estão refugiados em vários locais, incluindo áreas abertas, disse a porta-voz.
NINGUÉM ESTÁ SEGURO
O movimento de pessoas dentro de Gaza é “tão rápido e frequente” que é difícil acompanhar as suas necessidades, disse a porta-voz, enquanto a UNRWA luta contra restrições adicionais à entrega de ajuda desde que Israel iniciou a sua operação militar em Rafah, em 6 de maio.
“Só conseguimos trazer pouco mais de 140 camiões, até quinta-feira passada, e isto não é suficiente”, relatou Touma.
Além da ameaça mortal de violência, os trabalhadores humanitários da ONU insistiram que a fome ainda é um perigo diário para a população de Gaza.
RELATORA DA ONU PEDE A TODOS OS PAÍSES MEDIDAS PARA DETER SANHA
“Vamos ser claros. Enquanto a CIJ ordena que Israel pare sua ofensiva em Rafa, Israel intensifica seus ataques contra ela”, disse Francesca Albanese, relatora Especial da ONU sobre a Situação na Palestina.
“As notícias que estou recebendo das pessoas presas lá são aterrorizantes”, escreveu ela.
Ela disse que o momento demanda de todos os Estados-membros da ONU que “imponham sanções, cortem o envio de armas e suspendam as relações políticas com Israel até que cesse seu ataque”, segundo informa o portal Palestine Chronicle.
É NECESSÁRIA UMA INVESTIGAÇÃO COMPLETA
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, condenou os ataques aéreos, ressaltando a necessidade de uma investigação “completa e transparente”.
Ele mencionou a alegação das Forças de Defesa de Israel de que haviam atingido uma instalação do Hamas e matado dois militantes seniores nos ataques. Wennesland acrescentou que estava “profundamente preocupado” com a morte de mulheres e crianças em uma área onde as pessoas haviam buscado abrigo.
Em comunicado, o diplomata ainda destacou que todas as partes envolvidas no conflito devem se abster de ações que dificultam o fim da violência e comprometem ainda mais a situação já frágil no local e na região em geral.
Ele reiterou o apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, por um cessar-fogo imediato e pela libertação incondicional de todos os prisioneiros. Wennesland acrescentou que as Nações Unidas continuam firmes em seu compromisso de apoiar todos os esforços destinados a acabar com os combates, reduzir as tensões e promover a paz.
ONU EXORTA CESSAR-FOGO
O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, expressou horror com a morte de civis em Gaza após ataques aéreos israelenses atingirem um campo para deslocados em Rafah, causando explosões e incêndios.
As forças israelenses tentaram desconversar afirmando que o alvo eram oficiais do Hamas. Turk apontou, porém, que os ataques foram em áreas densamente povoadas e pediu mudanças nas políticas porque não adianta dizer que buscavam atingir membros do Hamas.
Ele exortou Israel a cessar a ofensiva, conforme ordem da Corte Internacional de Justiça, e chamou por um cessar-fogo.
ATROCIDADE MONSTRUOSA
Fazendo eco a esses comentários e à condenação internacional generalizada do ataque, o relator especial da ONU sobre o direito à moradia, Balakrishnan Rajagopal, pediu uma “ação global concertada” para interromper a guerra, dias depois que o tribunal superior da ONU pediu o fim da operação militar de Israel em Rafah, que está se expandindo.
Para ele, atacar mulheres e crianças em abrigos é “uma atrocidade monstruosa”, acrescentando que uma ação global conjunta é necessária para impedir as ações de Israel.
Fontes médicas anunciaram na segunda-feira que o número de mortos na Faixa de Gaza aumentou para 36.050 e 81.026 feridos desde o início da agressão da ocupação israelense em 7 de outubro.
As mesmas fontes indicaram que a ocupação cometeu 7 massacres contra famílias na Faixa de Gaza, resultando na morte de 66 cidadãos e no ferimento de outros 383 nas últimas 24 horas.