As primeiras 14 páginas do relatório de 649 listam bebês de até um ano mortas no massacre que já dura quase um ano
O Ministério da Saúde de Gaza divulgou, no domingo (15), um documento detalhando o nome, idade, sexo e número de identificação de dezenas de milhares de palestinos assassinados por Israel na região nos últimos 11 meses, uma relação que se estende por 649 páginas.
A lista, publicada pelo Ministério, reduz a pó “negação do genocídio”.
E negar o genocídio, dizendo que os números palestinos são exagerados, é a alegação com a qual os criminosos à frente do regime de Netanyahu pretendem fugir do veredicto dos tribunais internacionais e das lideranças em nível mundial. A lista detalhada, incluindo os bebês e os idosos, agora publicada, deita por terra o argumento dos autores do massacre.
São 34.000 palestinos minuciosamente identificados até onde vai a contagem, isto é, à data de 31 de agosto.
O número atual de mortos, de acordo com o Ministério, está próximo de 42.250, mas muitos ativistas e especialistas que acompanham a situação in loco avaliam que, por conta da situação de risco, esse número está ainda muito subestimado.
Para dar conta da dimensão da chacina, as primeiras 14 páginas do documento apresentam os nomes de bebês com menos de um ano, enquanto as últimas 11 páginas contêm as identificações de pessoas com idades entre 77 e 101 anos — todas nascidas antes da criação do Estado de Israel e grande parte refugiados da Nakba, a catástrofe que se abateu na forma de limpeza étnica no processo de implantação do Estado de Israel e seu regime de apartheid.
A análise estatística indica que 11.355 crianças foram mortas até essa data, o que equivale a um terço do número de mortos.
“Há boas razões para acreditar que o número pode ser maior”, disse Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, à Time, avaliando o documento do Ministério palestino.
“TENTATIVA DE EXPURGAR UM POVO”
“Este é um genocídio de crianças. 14 páginas de bebês!”, escreveu Heba Gowayed, professora de sociologia no Hunter College da City University of New York, nas redes sociais em resposta à lista. “Isso não é nada menos do que uma tentativa de expurgar um povo”, afirmação divulgada pelo site Commondreams.org
Já Trita Parsi, vice-presidente executiva do Quincy Institute for Responsible Statecraft, assinalou que a lista recém-publicada destaca “o que diferencia Gaza”.
“É um genocídio de crianças, já que sua proporção não tem precedentes”, escreveu Parsi, acrescentando que “os EUA, o Reino Unido e a Alemanha armam e apoiam tal genocídio”.
Apenas 15 hospitais em Gaza — onde viviam cerca de 2,3 milhões de pessoas antes agressão que prossegue — estão parcialmente operacionais, outros 23 estão totalmente fora de serviço devido aos bombardeios israelenses, enquanto pelo menos 130 ambulâncias também foram danificadas desde o início da guerra.
O Ministério ainda registrou, detalhadamente, no relatório com os respectivos nomes e identidades o montante de 67.433 pessoas que ficaram feridas em ataques israelenses, embora o número real de feridos — assim como o número de mortos — seja considerado muito maior.
A guerra de Israel em Gaza arrasou bairros inteiros e mergulhou Gaza em uma profunda crise humanitária, onde doenças e fome são galopantes.
Os bombardeios israelenses não deixaram nenhuma parte de Gaza intocada, com palestinos sendo alvos em abrigos, escolas e hospitais da ONU.