
Descontada a inflação, o rendimento per capita aumentou 4,7% em 2024
O rendimento nominal mensal domiciliar per capita do brasileiro ficou em R$ 2.069 em 2024, o que corresponde a uma alta de 9,3% ou um crescimento de menos de R$ 200, para ser exato R$ 176, em relação ao rendimento domiciliar per capita da população registrado em 2023 (R$ 1.893). Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Descontada a inflação, o rendimento per capita aumentou 4,7% em 2024.
O crescimento da renda per capita mostra-se insuficiente diante da alta constante dos custos do dia a dia, como energia, água, aluguel e, principalmente, os preços dos alimentos, que pesam cada vez mais no orçamento das famílias.
Conforme dados do IPCA, indicador de inflação oficial calculado pelo IBGE, em 2024, a alimentação no domicílio subiu 8,23%, o que puxou para alta da inflação geral da alimentação (7,69%) no ano passado.
A inflação da alimentação do domicílio foi puxada principalmente pelo preço da carne bovina que subiu 21% (números arredondados), do porco a alta ficou acima dos 20%, do frango (em pedaços) a alta foi de mais de 10%, do leite e derivados aumentou 10,37%, mas também com o preço do café, que pesou forte no bolso do consumidor, com alta de 39,6% no ano.
Em janeiro deste ano, o preço médio do café passou de 50% de aumento, no acumulado em 12 meses.
No primeiro mês de 2025, os alimentos comprometeram 22,61% do orçamento das famílias que ganham entre um e um salário mínimo e meio, enquanto para as famílias que ganham mais de trinta salários mínimos o valor cai para 11,32%, aponta uma pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas).
No aluguel residencial, no ano passado o aumento foi de 3,45%, segundo o IPCA. Para quem ainda usa IGPM para calcular o reajuste de aluguel, o aumento foi de 6,54%.
Segundo o IPCA, as taxas de água e esgotos subiram 5,7% em 2024, enquanto a conta de luz teve uma variação de queda de apenas 0,37% no ano passado, o que não faz cócegas no aumento de 9,52% obtido nas tarifas de energia em 2023. Além disso, o indicador de inflação (IPCA-15) de fevereiro aponta que a energia elétrica residencial subiu 16,33% no mês.
Fenômenos climáticos adversos, alta do dólar e os efeitos da especulação internacional sobre os preços de energia e alimentos internos estão entre os principais fatores que contribuem para pressões inflacionárias no Brasil.
Mas, apesar destes elementos não serem afetados pela política monetária do Banco Central (BC), os diretores da autarquia persistem em elevar os juros (Selic), hoje em 13,25%, para inibir o consumo de bens e serviços no país – o que vai gerar desemprego em meio a nova onda de carestia.
DESIGUALDADE DE RENDA REGIONAL
Em 11 das 27 unidades federativas, o rendimento nominal mensal domiciliar per capita não chega a um salário mínimo (R$ 1.518).Veja a tabela a seguir.

Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, o rendimento domiciliar per capita é calculado como a razão entre o total dos rendimentos domiciliares (em termos nominais) e o total dos moradores dos domicílios. Nesse cálculo, são considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes.
No Brasil há 39,5 milhões de pessoas trabalhando na informalidade, na sua maioria vivendo dos chamados “bicos”, com jornadas de trabalho exaustivas e remunerações miseráveis, o que contribui para a baixa renda domiciliar per capita no Brasil.
A geração de emprego de qualidade (isto é, com carteira assinada) e uma valorização mais forte no piso salarial podem contribuir para o aumento da renda das famílias, especialmente as mais pobres deste país.
Mas, além da sabotagem do BC contra a geração de emprego, o piso salarial nacional, a partir deste ano, só pode ter ganho real (quando o salário sobe acima da variação da inflação) entre 0,6% e 2,5%, conforme a lei do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que atrela a política de reajuste do salário mínimo aos limites das bandas de crescimento de despesas do arcabouço fiscal.
ANTONIO ROSA