O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), considerou que a “resposta jurídica” para a convocação de protesto pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) feita por Bolsonaro “é o impeachment”.
“Enquanto ele for presidente, todas as manifestações serão consideradas manifestações do presidente da República”, disse Witzel, em Washington, onde participava de um evento na American University.
“Apoiar um movimento destrutivo da democracia, evidentemente, é uma afronta à Constituição”, considerou o governador, que é ex-juiz federal.
Bolsonaro usou o Whatsapp, no seu celular pessoal, para disparar um vídeo convocando uma manifestação contra o Congresso e o Supremo, em favor do seu governo para o dia 15 de março. Após a denúncia vir à tona, ele confirmou o envio do vídeo alegando que “troca mensagens de cunho pessoal, de forma reservada”. Ontem, em transmissão nas redes sociais, voltou atrás e disse que os vídeos (que mostravam imagens de sua posse em 2019) foram compartilhados em 2015.
Segundo Witzel, qualquer ato de Bolsonaro enquanto ele for presidente é uma “comunicação do presidente da República”.
“Quer fazer (uma manifestação) em caráter privado? Renuncie à Presidência da República e pode fazer em caráter privado. Enquanto ele for presidente, o que ele fala, o que ele faz, o que ele comunica, para quem quer que seja, é uma comunicação do presidente da República, e nós não podemos aceitar que um presidente da República, diante de um movimento destrutivo da democracia, compartilhe esse tipo de vídeo”, disse o governador do Rio de Janeiro.
RELAÇÃO COM ESTADOS
Witzel, que foi eleito em 2018 com o apoio dos bolsonaristas, criticou a conduta tomada por Bolsonaro após assumir a Presidência, em especial com os governos estaduais. “Os governadores têm pedido ao presidente que ele converse com a população e com os governantes, sob pena de chegarmos a uma situação de completo descontrole, porque a população espera resultados”, declarou.
“Se isso não acontecer, não resolver o problema dos Estados e municípios, a economia não avançar, ele próprio vai ser colocado para fora do poder. Ou pelo voto em 2022 ou num processo de impeachment, que vai ser levado a efeito diante daquilo que ele está fazendo contra as instituições democráticas”, afirmou o governador do Rio.
Para Witzel, atos como os do dia 15 buscam “a desconstrução do País”. “É uma sequência de desrespeitos em relação aos governadores, a membros do Congresso, e não é só ele, tem o general Heleno [ministro do Gabinete de Segurança Institucional, que acusou o Congresso de “chantagem”]. Isso não resolve o problema das pessoas. Estamos patinando desde o ano passado. Nada andou, nada avançou”, avaliou.