
A Justiça espanhola condenou na quinta-feira passada(24) 29 dos 37 acusados pelo esquema de corrupção e financiamento ilegal do “caso Gürtel”, esquema de corrupção similar ao da Lava Jato, a um total de 351 anos de prisão. Como ficou fartamente comprovado, governantes e lideranças partidárias do Partido Popular – do atual premiê Mariano Rajoy – eram subornados por empresários para adulterar contratos públicos, o que provocou um rombo de mais de 123,7 milhões de euros aos cofres públicos entre 2000 e 2008.
Encabeçam a lista da Lava Jato espanhola o ex-tesoureiro do PP, Luís Bárcenas (33 anos de prisão e 44 milhões de euros de multa), o empresário corruptor Francisco Correa, cujo apelido traduzido para alemão – Gürtel- deu o nome à operação policial (51 anos de prisão), o ex-secretário de Organização do PP galego, Pablo Crespo (27 anos e meio de prisão), os ex-autarcas de Majadahonda, Guilermo Ortega (31 anos de prisão) e de Pozuelo, Jesús Sepúlveda (marido da ex-ministra da Saúde Ana Mato, condenado a 14 anos de prisão), e o ex-membro do governo regional de Madri, Alberto López Viejo (31 anos).
De acordo com os juízes, há provas “esmagadoras” de que o Partido Popular teve um lucro milionário com a rede de corrupção que montou. Diante do assalto, a Justiça impôs à sigla o pagamento de 245 mil euros em multas.
Entre as autoridades beneficiadas está a ex-ministra Ana Mato, que recebeu das empresas de Correa um sem número de presentes, viagens e até mesmo o pagamento de festas de aniversários e de cerimônias da primeira comunhão dos filhos. Pelas benesses recebidas, a ex-ministra foi multada em 28 mil euros.
A partir da descoberta do “caso Gürtel”, a Justiça começa a desvendar – e destapar – um imenso submundo de propinas e financiamentos ilícitos envolvendo o PP, que se desdobram agora em inúmeras investigações autônomas. Salta aos olhos a “caixa B” do partido, que coloca o tesoureiro Bárcenas no olho do furacão. As contas do dirigente do PP na Suíça chegaram a somar 48 milhões de euros em 2007.
QUEM SERÁ “M. RAJOY”?
Conforme a imprensa espanhola, Bárcenas poderia fazer uma delação emergencial para tentar reduzir os 15 anos de prisão decretados para a sua mulher, Rosaria Iglesias. A Justiça quer que o tesoureiro explique quem é o “M. Rajoy” apontado com todas as letras nos seus cadernos como um dos beneficiários do esquema.
Primeiro-ministro e líder do PP, Mariano Rajoy chegou a depor como testemunha no julgamento do “caso Gürtel” e desconversou, dizendo que o partido nunca tinha recebido dinheiro de empresários. Para M. Rajoy, os crimes correspondem a “casos isolados” no seu partido e ocorreram “há muito tempo”. Sem qualquer constrangimento, o PP anunciou que recorrerá da decisão.
O Partido Socialista Espanhol (PSOE) apresentou uma moção – com o apoio do Podemos – de censura contra Rajoy.
L.W.S.